Agressões e propostas rasas marcam novo debate entre candidatos de SP
Os pré-candidatos à Prefeitura de São Paulo trocaram agressões e apresentaram propostas rasas em novo debate na manhã desta quarta-feira (14).
O conflito chegou quase ao contato físico em embate entre o deputado federal Guilherme Boulos (PSOL) e o influenciador Pablo Marçal (PRTB), que levantou uma carteira de trabalho na altura de seu rosto. Marçal o chamou de “vagabundo”, e o psolista disse que ele é um “mentiroso compulsivo” e que tem dúvidas se é “mau caráter” ou “psicopata”.
O prefeito Ricardo Nunes (MDB) e a deputada federal Tabata Amaral (PSB) também trocaram farpas. Ela disse que o emedebista é “recordista de obras sem licitação” e sugeriu que ele adotasse o slogan “Rouba e não faz”. Nunes a chamou de “mal informada” e disse que Tabata é “muito brava”.
O debate foi promovido pelo jornal O Estado de S. Paulo, em parceria com o Portal Terra e com a Fundação Armando Alvares Penteado (Faap). Participaram seis candidatos: Nunes, Boulos, Tabata, Marçal, o apresentador de TV José Luiz Datena (PSDB) e a economista Marina Helena (Novo).
O confronto entre Boulos e Marçal começou quando o deputado federal afirmou que o empresário não deveria estar ali. Isso porque no último debate televisivo, da Band, o influenciador disse que deixaria a disputa caso alguém mostrasse que ele já foi condenado pela Justiça.
Marçal foi condenado a 4 anos e 5 meses de reclusão em 2010 pela Justiça Federal sob acusação de furto qualificado, por participação, quando tinha 18 anos, em uma quadrilha especializada em golpes digitais. Boulos publicou trecho da sentença nas redes sociais.
“Mais uma vez você está me confundindo com o quadrilheiro chamado Luiz Inácio Lula da Silva, pessoas que você tanto apoia, Genoino, Dirceu, Dilma. Você é o PT kids nessa Prefeitura de São Paulo. A esquerda já não presta, imagina a escória da esquerda”, respondeu Marçal.
O influenciador voltou a dizer que não houve crime e que ele trabalhou “para um cara consertando computadores”. Marçal também acusou Boulos de ter sido preso três vezes.
“Você é um mentiroso compulsivo, viciado em mentir, é impressionante. Você é o padre Kelmon dessa eleição, vem para o debate para tumultuar”, respondeu o deputado.
Marçal disse então que era, sim, o Padre Kelmon: “Eu vou exorcizar o demônio com a carteira de trabalho, que você nunca trabalhou. Um grande vagabundo dessa nação”.
No início do embate, a equipe do influenciador entregou a Marçal uma carteira de trabalho. Depois de duelarem em relação ao tempo, guardando segundos para falarem por último, o conflito escalou e chegou quase ao contato físico, quando Marçal seguiu Boulos pelo palco mostrando o documento.
Ambos sentaram lado a lado, e o ex-coach continou a mostrar o documento para Boulos que, irritado, tentou tirá-lo das mãos do adversário.
No confronto entre Nunes e Tabata, a deputada disse que o prefeito é recordista em obras sem licitação e sem planejamento, e citou denúncias de superfaturamento para favorecer empreiteiras.
“Você está mal informada, anda indo muito para outros estados, deputada”, respondeu Nunes, pedindo para que Tabata não cometesse “esse tipo de leviandade”.
“Sabe qual a diferença entre mim e esses candidatos? Eu não estou só lendo e estudando ou turistando na periferia. O que acha de adotar o seguinte slogan ‘Rouba e não faz'”, rebateu a deputada.
Em seu direito de resposta, Nunes citou o caso Americanas para criticar Tabata. “Você é muito brava aqui, mas, para falar da Americanas, que é teu tutor e financiador, que prejudicou milhares de trabalhadores, você não se pronunciou.”
A pré-candidata Marina Helena também acusou o deputado estadual Antonio Donato (PT), coordenador da campanha de Boulos, de ter envolvimento com o PCC.
“Você faz acusações de que o crime organizado, o PCC ,está infiltrado aqui na cidade. Quero saber que moral você tem se um coordenador da sua pré-campanha, Antonio Donato, do PT, é acusado de receber R$ 75 mil de doação do chefe das máfias dos transportes?”, questionou.
O deputado respondeu que quem acusa a gestão atual não é ele, mas o Ministério Público e a Polícia Civil. “Talvez você tenha me confundido com outro candidato que tem o presidente do seu partido como confesso ligado ao tráfico de drogas e agora um assessor condenado preso por sequestro. É isso”, respondeu Boulos, citando reportagens que apontam relações do PRTB de Marçal com o crime.
Folha de São Paulo