Saúde

Após ataque hacker, produção de fármacos para câncer deve ser retomada essa semana

Após um ataque hacker ocorrido no final de março, o Instituto de Pesquisas Energéticas e Nucleares da Comissão Nacional de Pesquisa Nuclear (Ipen/CNEN) informou que deve retomar a produção de radiofármacos e radioisótopos na próxima quinta-feira, 10. As substâncias, de monopólio da União, são utilizadas no diagnóstico de no tratamento de alguns tipos de câncer e tiveram a produção interrompida por duas semanas. 

De acordo com o Ipen, a maior parte das atividades necessárias para a reativação da produção foi concluída com sucesso, representando um “avanços significativos rumo à normalização das atividades”, o que deve acontecer dentro do prazo previsto no cronograma inicial. 

Como o ataque hacker impactou o tratamento do câncer no país?

O “incidente cibernético” contra o Ipen ocorreu no último dia 28 de março. Como medida de segurança, a instituição isolou todo o sistema computacional, o que envolvida desconectar a rede da internet para interromper quaisquer conexões a distância. Ao longo das duas semanas ações corretivas e preventivas foram tomadas, o que inclui o aprimoramento das barreiras de segurança e a busca por vírus que pudessem coletar dados ou interferir no funcionamento da rede. 

O restabelecimento também contou com a colaboração da Sociedade Brasileira de Medicina Nuclear (SBMN). “A SBMN tem mantido diálogo contínuo com o IPEN/CNEN e com profissionais da área para buscar alternativas que reduzam os prejuízos à cadeia de abastecimento e contribuam para a manutenção do atendimento médico”, disse a instituição, em comunicado. 

Embora as motivações do ataque ainda não tenham sido esclarecidas, acredita-se que os criminosos tivessem como objetivo “sequestrar” a rede para pedir um resgate. O Ipen afirma, contudo, que o ataque foi interrompido antes que isso acontecesse e que a segurança física, radiológica e nuclear das instalações não foram comprometidas. 

Que fármacos foram afetados?

Essa interrupção fez com que a produção dos radiofármacos parassem, interrompendo os suprimentos de substâncias utilizadas no diagnóstico e no tratamento de tumores, infecções e condições cardíacas. Dentre eles:

  • Iodo-131;
  • Lutécio-177;
  • Tálio-201;
  • Guan-IPEN-131;
  • Citrato de gálio-67;
  • Gerador de Tecnécio-99m.

Essas substâncias têm meia vida curta, o que faz com que a produção precise ser otimizada de acordo com a demanda, sem possibilidade de ser armazenada por muito tempo. Apesar disso, especialistas afirmam ser pouco provavel que a interrupção na cadeia de produção tenha tido grande efeito sobre os pacientes – primeiro porque o período foi curto e segunda porque eles funcionam como terapias complementares, cuja interrupção tem pouca chance de impactar o tratamento de forma muito significativa. 

Por dependerem de matéria prima radioativa, a produção desses medicamentos é de monopólio da União. Desse modo, o Governo Federal é responsável por suprir a quase totalidade da demanda nacional.

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