'Bad Boys: Até o fim' bota o pé no freio do exagero e salva série com humor e ação bem feita; g1 já viu
Quarto e melhor filme desde o primeiro, de 1995, entende que força da franquia está no deboche. Will Smith e Martin Lawrence estrelam estreia desta quinta-feira (6). Ninguém necessariamente pediu “Bad Boys: Até o fim”, quarto capítulo da série de ação e comédia estrelada por Will Smith e Martin Lawrence. Por sorte, com um humor debochado que sabe rir de si mesmo e um mínimo de autocontrole nos crescentes exageros dos tiroteios e explosões, o novo filme salva uma franquia em franco declínio.
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Não à toa, a grande estreia dos cinemas brasileiros nesta quinta-feira (6) é o melhor dos “Bad Boys” desde o primeiro, de 1995. Não que seja muita coisa depois do irregular “Bad Boys II” (2003) e do horroroso de ruim “Bad Boys para sempre” (2020), mas não deixa de ser um alívio.
“Até o fim” se beneficia da expectativa terrível criada pelo último, que ressuscitou a franquia depois de um hiato de 17 anos, é verdade. Afinal, é possível se surpreender novamente com o talento cômico da dupla de protagonistas – assim como o público de quase 30 anos atrás se espantou ao vê-los como astros de ação.
Tudo graças a um par de filmes que nunca entendeu direito que os “Bad Boys” conquistaram fãs pelo contraste quase absurdo do humor e das explosões de Michael Bay, diretor que criou a série nos anos 1990, e não pelos finais exagerados, barulhentos e sem qualquer sentido ou alma.
Will Smith e Martin Lawrence falam sobre ‘Bad Boys: Até o fim’
Menos é mais
Em “Até o fim”, os detetives interpretados por Smith e Lawrence viram fugitivos procurados enquanto buscam provas para provar a inocência de seu antigo capitão e mentor (Joe Pantoliano).
A trama direta e simples de Chris Bremmer (“Bad Boys para sempre”) e Will Beall (“Liga da Justiça de Zack Snyder”) preenche os espaços com a ação alucinada da série e o humor meio fraternal, meio agressivo dos protagonistas.
Sua grande vantagem em relação aos demais é entender que piada pela piada não é nada sem deboche. A série nunca se levou a sério, mas o novo filme consegue rir dos próprios clichês como só o primeiro conseguiu.
Auxiliado pelo texto e pelos diretores, a dupla Adil El Arbi e Bilall Fallah (de “Bad Boys para sempre”, aliás), Lawrence também volta à boa forma como o grande alicerce cômico da trama – com força suficiente para que Smith corra e lute e faça cara de mau à vontade.
Com um final mil vezes menos grandioso e exagerado que seus dois antecessores, “Até o fim” acha espaço até para brincar com o famigerado tapa dado por Smith em Chris Rock no Oscar 2022.
Mais contido, mas não menos divertido, o desfecho peca apenas nas sequências “revolucionárias” que colocam o espectador no ponto de vista dos protagonistas no meio de um pesado tiroteio.
A ideia é boa, mas a coreografia merecia mais atenção. Do jeito que aparece, apenas confunde o espectador, que inevitavelmente se pergunta por que diabos alguém movimentaria os braços e as armas de tal forma.
Will Smith e Martin Lawrence em cena de ‘Bad Boys: Até o fim’
Divulgação
Old Boys
O astro, aliás, está com 55 anos. Lawrence tem 59. Ao contrário de outras estrelas de ação, como Keanu Reeves (“John Wick”) ou Tom Cruise (“Missão: Impossível”), a dupla não consegue esconder tão bem a idade.
A questão nunca chega a ser exatamente um problema, mas evidencia que a série não deve ter mais muito gás para futuros capítulos.
A saída, assim como o próprio filme já faz, talvez seja apostar nas piadas e na fisicalidade de adições mais jovens do elenco, como Vanessa Hudgens, Alexander Ludwig e Jacob Scipio (trio introduzido em “Para sempre”).
Isso não vai acontecer, mas, no fim, o mais correto seria mesmo aproveitar “Até o fim” para aposentar a velha canção dos jamaicanos do Inner Circle enquanto os “Bad Boys” estão novamente por cima.
Martin Lawrence e Will Smith em cena de ‘Bad Boys: Até o fim’
Divulgação
Matéria: G1 POP & Arte