Boxe brasileiro encerra campanha ruim em Paris, afirma técnico
JOSÉ HENRIQUE MARIANTE
VILLEPINTE, FRANÇA (FOLHAPRESS) – Com apenas um bronze, a seleção permanente de boxe encerrou uma campanha “ruim” neste domingo (4), após Jucielen Romeu perder o combate de quartas de final na categoria até 57 kg. A descrição foi feita pelo técnico da equipe, Mateus Alves, na primeira autocrítica vinda da delegação brasileira em Paris, após um fim de semana de mais reveses que conquistas nestes Jogos.
Pelo menos no boxe, a barra estava alta, posicionada pela melhor performance da história, há três anos, em Tóquio-2020, quando o time alcançou três pódios (ouro, prata e bronze).
“A campanha não foi boa. Não é que eu estou reclamando de ganhar uma medalha de bronze, não é isso. O boxe veio com uma expectativa maior do que um bronze, essa é a questão. Então a gente classificou como uma campanha ruim”, afirmou Alves, desta vez mais calmo.
No sábado, após a derrota da favorita Bia Ferreira na semifinal da categoria até 60 kg, a classificação do técnico para seu time era “uma bosta”. “Não estou falando que todos são ruins. O desempenho não foi o que a gente apresenta em todos os eventos. É isso. Eu não posso sair satisfeito como head coach, com apenas um bronze, com uma equipe que tem quatro medalhistas mundiais, oito medalhistas pan-americanos.”
“Temos que sentar e considerar o prosseguimento ou não do trabalho para 2028, ver o que aconteceu, comparado com a nossa perspectiva de duas ou três medalhas”, afirmou o técnico, que há quatro Olimpíadas comanda o time de boxe brasileiro, com oito pódios conquistados nesse período.
Alves ficou especialmente decepcionado com o desempenho do time masculino, que venceu apenas 2 de 7 combates na Arena Paris Norte, em Villepinte, na região metropolitana da capital francesa. “A Bia fez a parte dela. É uma atleta que dispensa comentários. A gente tem que entender que nós somos uma equipe, masculina e feminina.”
Para o técnico, o time olímpico demonstrou uma “tensão” em Paris que não existia em outras competições. “Temos que estudar, mas é preciso lembrar que o boxe não é como o futebol, o vôlei, esportes que já têm o hábito de estar na mídia, de ser cobrado e de carregar isso. O boxe não tem esse padrão. A gente teve uma mudança muito drástica. Muitos torcedores, muitos atletas, muitos assessores, o ambiente mudou. Mas eu já estou justificando uma defesa.”
Alves afirmou que vai discutir sua permanência no comando da seleção, que dirige há 15 anos, com a Confederação Brasileira de Boxe. O modelo de seleção permanente, norma em diversas modalidades olímpicas, foi defendido por Jucielen.
“A equipe faz toda a diferença. Quando acabou a minha luta, estava todo mundo ali para me abraçar, para me apoiar, para não me deixar levar pelo resultado. Quando um perde, todo mundo fica triste.”
A peso-pena teve muita dificuldade no duelo contra a turca Esr Yildiz, que valia uma vaga nas semifinais. No primeiro round, se expôs muito ao esperar a adversária para tentar encaixar golpes. “Corrigi a distância no segundo, por orientação dos treinadores. No terceiro, reconheço que cansei.”
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