Brasil perde com Collor última chance de melhorar as cadeias

Em 2023, quando já havia sepultado a Lava Jato, com lápide fornecida pela suspeição de Sergio Moro, o Supremo julgou inconstitucional a situação das prisões brasileiras. Reconheceu que há violações sistemáticas de direitos humanos contra os presos. Ordenou a elaboração de um plano capaz de civilizar as cadeias. O plano foi homologado pelo próprio Supremo no final do ano passado. Ganhou o nome de “Pena Justa”.
Collor poderia ser um bom começo. Tornou-se um triste fim. Três décadas atrás, vangloriava-se no Planalto de ter “aquilo roxo”. Há dez anos, quando foi denunciado, vendia saúde. Hoje, aos 75 anos, alega que não pode ficar preso porque sofre de doença de Parkinson, apneia grave do sono e bipolaridade. Podendo exigir a qualificação de uma unidade prisional, Moraes optou por enviar o desqualificado para casa.
Guardião de uma Constituição que diz que todos são iguais perante a lei, o Supremo talvez devesse abrir outras celas. Das mortes documentadas dentro das cadeias, 62% ocorrem por insuficiência cardíaca, infecção generalizada, pneumonia e tuberculose.