Campos Neto pode ser bode expiatório de Lula, mas dá margem às críticas
Já agora, em junho, o presidente do BC deu novos e mais contundentes argumentos a seus críticos, dos quais Lula ocupa a primeira fila, ao aceitar participar de jantares e homenagens com a presença ou mesmo promovidos pelo governador paulista, Tarcísio de Freitas, presumível candidato da oposição bolsonarista à sucessão de Lula em 2026. Consta até que teria sido sondado e aceitado convite para ministro da Fazenda, num eventual governo Tarcísio.
Não são, sem a menor dúvida, atitudes condizentes com a posição que Campos Neto ocupa, permitindo alimentar todo tipo de teoria sobre sua atuação à frente do BC, inclusive as conspiratórias. Para evitar exatamente a proliferação dessas teorias, o comportamento do presidente do BC deve ser rigidamente discreto, atendo-se de preferência a manifestações institucionais e públicas.
Campos Neto foge ao padrão de presidentes de bancos centrais, sendo assíduo palestrante em eventos fechados, promovidos, na maior parte das vezes, por empresas do setor financeiro. Mais recentemente, por exemplo, aumentou essas participações, ampliando também críticas à condução da política fiscal, atribuição do Executivo.
Também é tido como próximo de banqueiros, tendo vindo a público, em 2021, declarações de André Esteves, do Banco BTG, que vazaram de um evento fechado do banco, segundo as quais o presidente do BC consultava Esteves, privadamente, antes das decisões do Copom.
Diretores têm mandatos fixos
Foi para fortalecer a instituição, com o objetivo de aumentar a eficácia da política monetária que o BC obteve independência operacional formal em 2021. Essa independência garante a seus diretores mandatos fixos de quatro anos, não coincidentes, com possibilidade de uma recondução. Isso significa que não podem ser removidos, exceto em casos de gravíssima falta ética ou técnica, depois de julgamento pelo Senado Federal.
Matéria: UOL Economia