Candidato à presidência da OAB-DF diz que evento da entidade que teve rap virou ‘feira de Acari’
Candidato à presidência da Ordem dos Advogados do Brasil do Distrito Federal, o advogado criminalista Cleber Lopes comparou a cerimônia de entrega da carteira da entidade realizada em março à Feira de Acari, no Rio de Janeiro, que vendia produtos a preços bem abaixo dos de mercado.
Lopes já defendeu o governador do Distrito Federal, Ibaneis Rocha (MDB), e o deputado federal Chiquinho Brazão (sem partido), apontado como um dos mandantes da morte da vereadora Marielle Franco (PSOL).
A Feira de Acari, apelidada de “roubatudo”, teve o fechamento decretado pelo prefeito Eduardo Paes (PSD) em janeiro deste ano. O local era procurado por qualquer pessoa que tivesse algo para vender e virou até tema de um funk.
Em março deste ano, a solenidade de entrega das carteiras da Ordem contou com a presença da ex-ministra do STJ (Superior Tribunal de Justiça) Eliana Calmon. Na cerimônia, o presidente da OAB-DF, Délio Lins e Silva Júnior, disse que seu pai encomendou a um rapper gospel uma letra em homenagem a Calmon, e tocou no evento. A letra da música elogiava a trajetória da advogada.
No debate para as eleições à OAB-DF realizado na última sexta-feira (8), Cleber Lopes, ao citar suas propostas para os jovens advogados, fez críticas à gestão atual e disse que um de seus objetivos era ensinar a juventude “a respeitar a liturgia”.
“A nossa advocacia jovem está perdendo a liturgia sabe por quê? Porque a atual gestão transformou a entrega de carteira numa Feira de Acari”, disse. “A entrega de carteira virou uma bagunça. Esses dias eu fui numa entrega de carteira, pasmem os senhores, a atual gestão colocou para tocar um rap na gestão…o rap da Eliana, na presença da ministra Eliana Calmon, do STJ.”
Procurado pelo Painel nesta segunda-feira (11), Cleber Lopes afirmou ter “grande respeito pelo rap, como por todas as manifestações culturais.”
“Lamento muito que estejamos validando o que todos repudiam, que são os cortes de falas para impressionar e influenciar em eleições”, indicou. “O que eu disse é que na sessão de entrega de carteira para novos advogados, devemos preservar a solenidade do evento, nada mais do que isso.”
Em nota, a OAB-DF informou que “mantém seu rito institucional, inclusive com a execução do Hino Nacional e outras formalidades em suas cerimônias, mas acolhe com simpatia as manifestações populares espontâneas, especialmente em um evento tão significativo para a jovem advocacia.”
“Repudiamos veementemente qualquer tipo de discriminação e preconceito contra manifestações culturais.”
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Folha de São Paulo