‘Carry trade’: o que é transação internacional que dispara dólar no Brasil
A taxa básica brasileira, a Selic, está em 10,5% ao ano. Descontada a inflação, é de 7,36% ao ano. Só fica atrás da Turquia, com 12,13% ao ano, e a Rússia, com 7,55% ao ano. Nos EUA, descontada a inflação, a taxa fica em 1,75% ao ano. No Japão, usando o mesmo critério, ela é negativa em 1,88% ao ano.
No “carry trade”, o investidor embolsa o rendimento da aplicação que ele faz com o dinheiro emprestado. No caso do exemplo dos US$ 10 mil, ele ganharia cerca de US$ 700 se aplicasse no Brasil e pagaria US$ 10 de juros no Japão. Um lucro de US$ 690, ou 6,9% em um ano.
Mas essa transação perdeu rentabilidade quando o Banco Central japonês interveio para valorizar o iene. No começo de julho, a moeda japonesa era a sexta mais desvalorizada do mundo, com perdas acumuladas em 2024 de 12,4%, segundo a Austing Rating. Com a intervenção, o iene subiu no ranking. Passou para a 32ª posição, com perdas de apenas 3,7% no ano.
Com o aumento das taxas de juros e o fortalecimento do iene, o custo dessas operações cresceu, forçando investidores a vender ativos, como ações, para quitar suas dívidas em moeda japonesa –e a isso se da o nome de “desmonte do carry-trade”, expressão que está sendo utilizada. Esse fator contribui para a queda dos mercados atuais.
Gustavo Sung, economista-chefe da Suno Research
Por isso, as Bolsas do Brasil, do México e também dos EUA estão em queda nesta segunda-feira (5). Esses são alguns dos países onde os investidores aplicavam o dinheiro japonês emprestado.
Matéria: UOL Economia