Conheça o breaking, uma das novidades dos Jogos Olímpicos Paris 2024
As primeiras competições internacionais começaram na década de 1990. Nacéra Guerra, veterana na diciplina, explica os fundamentos do breakdance. “Na verdade, dançamos no solo, com mãos e pés no chão ao mesmo tempo e os gestos se desenvolvem com movimentos impressionantes chamados ‘Power Moves’, que são um pouco acrobáticos, um pouco de ginástica entre aspas, mas também temos uma identidade própria, que se chama o footwork, e esse é realmente o próprio DNA da dança, que tem uma particularidade: a sua base é um círculo”, diz.
Um círculo que em breve será parte dos anéis olímpicos. Para esta pioneira com 30 anos de carreira, o convite para os Jogos de Paris 2024 dá à cultura breaking o lugar que ela merece. “Restaura o respeito pelo hip hop e, principalmente, para saber de onde ele vem e como evoluiu. Porque, francamente, não podemos dizer que as pessoas apoiavam o hip hop. Era uma cultura marginal. Então, é como se já tivéssemos recebido a medalha. Finalmente, o hip hop será considerado pelo seu verdadeiro valor”, completa.
A competição de breaking nos Jogos Olímpicos Paris 2024 compreende dois eventos – um para homens e outro para mulheres – em que 16 B-boys e 16 B-girls, como são chamados estes atletas, se enfrentarão em espetaculares batalhas no solo de dois minutos, explorando uma combinação de movimentos para impressionar os juízes e, quem sabe, levar para casa as primeiras medalhas olímpicas dessa modalidade.
As provas serão realizadas no Parque Urbano, erguido temporariamente na praça da Concórdia, em uma arena aberta. O único receio dos atletas é que o evento olímpico destaque apenas o desempenho atlético em detrimento dos fundamentos artísticos do breakdance. “Realmente, nossa identidade é artística. Se temos uma modalidade chamada breaking, é porque existem códigos a conhecer. E não é só a ginástica. Nossa preocupação é se ainda manteremos essa essência. Não foi o hip hop que foi convidado, foi o break“, observa Guerra.
Uma preocupação compartilhada por Mounir Biba, o embaixador francês do breaking. “Tem a rotação sobre a cabeça, passos que o público reconhece desta disciplina. Mas há técnicas bem mais sutis. E, sobretudo, há uma relação muito forte com a música. Sem música não há dança. Sem dança não há break. Então, é realmente uma disciplina que combina essas duas características: a dança e o lado atlético, que a torna um esporte e uma competição mundial”, afirma.
Para o nove vezes campeão mundial na modalidade, não há dúvida de que o breakdance pode contribuir muito para os Jogos Olímpicos, ao quebrar códigos do mundo do esporte. “A idade não é uma barreira, o gênero não é uma barreira. Todas estas questões, que às vezes dividem ou separam as pessoas, não existem na nossa cultura. Uma menina pode disputar com um menino, uma criança com um adulto. No esporte, temos barreiras e são essas barreiras que gostaríamos de poder evoluir e quebrar. Portanto, temos muito a trazer para estes Jogos Olímpicos, será um evento histórico para ambos os lados”, conclui.
Matéria: UOL Notícias