Política

Datafolha: 46% em SP dizem que deixariam de votar se não fosse obrigatório

Quase metade dos eleitores da cidade de São Paulo diz que não iria às urnas se o voto fosse facultativo, mostra pesquisa Datafolha realizada nesta semana. Mesmo assim, 7 em cada 10 reconhecem que o resultado das eleições para prefeito terá um impacto direto em suas vidas.

O levantamento mostra grande relação entre o engajamento político e a renda e escolaridade da população: enquanto no geral 46% dizem que não votariam caso tivessem escolha, esse número sobe para 58% entre os que ganham até dois salários mínimos ou só estudaram até o ensino fundamental.

A proporção dos que deixariam de votar se pudessem também é maior entre os evangélicos, os eleitores que se identificam como centro e os que pretendem escolher o apresentador José Luiz Datena (PSDB) como prefeito no pleito de outubro.

Por outro lado, são 53% os que iriam às urnas de qualquer jeito, mesmo se não fosse obrigatório, com destaque para os mais ricos, os mais escolarizados, os votantes identificados com a centro-esquerda e os que preferem o deputado federal Guilherme Boulos (PSOL). Outro 1% não soube responder.

Foram entrevistadas presencialmente 1.092 pessoas nos dias 6 e 7 de agosto, em pontos de fluxo da cidade, considerando uma margem de erro máxima de três pontos percentuais, para mais ou para menos.

O resultado se inverte quando o instituto pergunta se os eleitores concordam ou não com a obrigatoriedade do voto.

Ou seja, 52% dos moradores de São Paulo dizem ser contra o sufrágio obrigatório, índice maior entre os homens e os eleitores do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL). E outros 46% afirmam ser a favor, com destaque para as mulheres, os jovens de 16 a 24 anos e os eleitores do presidente Lula (PT).

Quando questionados sobre qual é sua vontade de votar nas eleições deste ano, de 0 a 10, a média da capital paulista é 6,1. O engajamento é maior entre os votantes de Boulos (7,8) do que os do prefeito Ricardo Nunes, do MDB (6,8), Pablo Marçal, do PRTB (6,6), e principalmente de Datena (4,9).

Novamente, têm menos vontade de votar os mais pobres e os menos escolarizados, além dos que estão insatisfeitos com as atuais gestões municipal, estadual e federal.

Mesmo que cerca de metade da população diga que não votaria se pudesse ou que é contra o voto obrigatório, a maioria mostra um reconhecimento da importância de votar: 70% concordam total ou parcialmente que “o resultado da eleição para prefeito terá impacto direto em sua vida” e outros 63% discordam da frase “o voto individual não faz diferença”.

Ainda sobre os fatores que atraem ou afastam as pessoas das urnas, 85% dos entrevistados dizem que “é tradição em sua família ir votar nas eleições”, e apenas 19% concordam total ou em parte que “o seu local de votação é longe de casa e difícil de chegar”.

No Brasil, o voto é obrigatório para todas as pessoas alfabetizadas de 18 a 70 anos de idade. Ele é facultativo, portanto, para os adolescentes de 16 a 18 anos, os idosos acima de 70 anos e os analfabetos. O eleitor pode justificar sua ausência nos locais de votação no dia do pleito ou até 60 dias depois. Caso contrário, tem que pagar uma multa.

Folha de São Paulo

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