Economia

Dólar abre com queda em semana marcada por dados de inflação dos EUA

O dólar recuava frente ao real nas primeiras negociações desta segunda-feira (12), ampliando suas perdas recentes, à medida que investidores marcam suas posições antes da divulgação de dados de inflação nos Estados Unidos.

Às 9h07, o dólar à vista caía 0,45%, a R$ 5,490 na venda. Na B3, o contrato de dólar futuro de primeiro vencimento tinha queda de 0,31%, a R$ 5,506.

Na sexta-feira, o dólar fechou em queda firme de 1,06%, aos R$ 5,514, e a Bolsa subiu 1,52%, aos 130.614 pontos.

Encerrando uma semana turbulenta para os mercados, o dia foi embalado por dados do IPCA (Índice de Preços ao Consumidor Amplo) de julho, o indicador oficial da inflação do país.

O IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) divulgou que os preços aceleraram de 0,21% em junho para 0,38% em julho, o maior patamar para o mês desde 2021.O resultado ficou acima da mediana das expectativas de analistas consultados pela Bloomberg, que projetavam variação de 0,35%.

No acumulado de 12 meses, IPCA acelerou de 4,23% até junho para 4,5% até julho. É justamente o teto da meta do BC para o final do ano, que persegue uma inflação em 3% com margem de tolerância de 1,5 ponto percentual para cima ou para baixo.

Atualmente em 10,5% ao ano, a taxa básica de juros do país, a Selic, é o principal instrumento do BC para o controle inflacionário. Na ata da última reunião de política monetária da autarquia, os dirigentes ressaltaram preocupações com a trajetória da inflação e com o cenário externo incerto, deixando claro, também, que não hesitarão em aumentar os juros caso necessário.

Em evento promovido pela Confederação Brasileira das Cooperativas de Crédito, Gabriel Galípolo reforçou o recado e afirmou achar “curioso” questionamentos sobre decisões de diretores indicados pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).

“Muitas vezes eu assisto um receio, uma dúvida, para usar o linguajar que eu escuto, de que os diretores indicados pela gestão do presidente Lula não poderiam votar pela elevação da taxa de juros”, disse.

“Não faz muito sentido imaginar que você vai passar quatro anos sem poder fazer algo nesse sentido. Está muito claro, ao colocar na ata ‘de maneira unânime’, que todos os diretores estão dispostos a fazer aquilo que for necessário para perseguir a meta.”

Com os novos dados do IPCA, agentes financeiros têm se dividido quanto às expectativas para as próximas decisões de juros.

De um lado, há quem aposte em uma nova alta —o que, em tese, é positivo para o real, pois torna o país atrativo para operações de “carry trade”, quando investidores tomam recursos em países com juros baixos e reinvestem onde a taxa é maior.

De outro, alguns agentes esperam manutenção dos atuais 10,50% ao ano. “Com esse dado do IPCA e a expectativa de corte de juros nos EUA, acredito que o consenso ainda é de manutenção dos juros em 2024”, diz Andre Fernandes, chefe de renda variável e sócio da A7 Capital.

Na cena corporativa, foi destaque o balanço da Petrobras, divulgado na noite de quinta-feira. A petroleira reportou prejuízo de R$ 2,6 bilhões no segundo trimestre de 2024, revertendo lucro de R$ 28,8 bilhões no mesmo período do ano anterior.

O resultado foi provocado principalmente por efeitos contábeis, como o acordo para quitar dívidas tributárias de R$ 20 bilhões com a União e a alta do dólar.

Sem os efeitos extraordinários, o lucro líquido seria de R$ 28 bilhões, diz a empresa. Com o resultado, a estatal anunciou a distribuição de R$ 13,6 bilhões em dividendos a seus acionistas, valor mínimo previsto em sua política de remuneração.

Em geral, relatórios distribuídos por grandes casas de análise no início da manhã de sexta indicaram que o mercado compreendeu os argumentos da companhia e agora volta suas atenções para os passos futuros, principalmente no que diz respeito a dividendos. As ações preferenciais e ordinárias da estatal caíram 0,92% e 0,85%, respectivamente.

O setor bancário também foi um dos pontos-chave do pregão de sexta-feira. Os quatro maiores bancos do país —Itaú, Banco do Brasil, Bradesco e Santander— tiveram o maior lucro trimestral consolidado já registrado na história, segundo levantamento da Elos Ayta Consultoria.

As instituições somaram R$ 26,8 bilhões em valores nominais, que não considera ajuste pela inflação. O desempenho do setor superou o recorde anterior de R$ 26,1 bilhões, do segundo trimestre de 2022.

O Itaú teve valorização de 2,70%, seguido por Bradesco (2,45%), Santander (1,37%) e Banco do Brasil (1,37%).

Com Reuters

Folha de São Paulo

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