Economia

Empresas sem dono na Bolsa podem ser alvo de aquisições

Há seis anos, em 2018, a Energisa tentou adquirir a Eletropaulo. A Energisa apresentou uma proposta por meio de OPA (Oferta Pública de Aquisição) para comprar a Eletropaulo por R$ 3,24 bilhões, mas foi rejeitada. Dois meses depois, a Enel adquiriu 73% da Eletropaulo por R$ 5,55 bilhões, durante um leilão de oferta pública de ações realizado na Bolsa de Valores de São Paulo.

Entenda o poder de influência

Este tipo de abordagem, de comprar ações aos poucos até ter participação relevante, é comum principalmente nos EUA, país que é berço das corporations. “95% das companhias listadas nos EUA não têm um acionista definido. Elas têm acionistas de referência. Essas companhias estão sujeitas a essa abordagem por parte de investidores”, diz Carlos Mello. Para ele, essas transações dão acesso a oportunidades que o investidor, em outras circunstâncias, não teria.

Em 2012, a Netflix adotou a estratégia chamada “poison pills” (ou pílulas venenosas, na tradução para o português) para se proteger de tentativas de aquisições hostis. Na ocasião, o investidor Carl Icahn havia comprado uma participação de 10% na empresa. Ele ficou conhecido como “invasor corporativo” pela aquisição hostil da TWA (Trans World Airlines) em 1985. O fato acendeu o alerta de que a Netflix poderia se tornar alvo de gigantes da tecnologia como Microsoft, Apple, Google, Amazon, Verizon ou Comcast. A companhia adotou, então, um “plano de direitos dos acionistas”, que entraria em vigor se um indivíduo ou grupo tentasse comprar uma fatia considerável da empresa sem a aprovação do Conselho, inundando o mercado com mais ações e diluindo a participação de todos.

Mas as intenções das compras precisam ficar claras – até para a CVM. “Ter 5% do capital de uma companhia com controle indefinido, por exemplo, é muito importante”, diz ele. A Previ anunciou ao mercado que passou a deter 5% na Vibra e foi obrigada, pela regra da CVM, a dizer o que queria fazer com essa participação. No caso da Previ, fundo de pensão dos funcionários do Banco do Brasil, a companhia disse que não quer “influir” ou “alterar a composição do controle ou a estrutura administrativa” da Vibra.

Quando a Cosan adquiriu 4,9% da Vale em 2022, uma operação inédita para o grupo, o mercado ficou alerta: o que a empresa queria com aquela fatia bilionária? Apesar de minoritária, a participação era relevante. Na ocasião, a Cosan disse que via muito “potencial de valor na Vale”. Em dezembro de 2023, a empresa vendeu 0,22% da mineradora.

Matéria: UOL Economia

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