Faltam à reforma ministerial de Lula lógica e interesse público


O penúltimo lance da reforma ministerial de Lula parece sempre concebido para superar o ineditismo do movimento anterior. Os ministros são substituídos em ritmo de conta-gotas. A distribuição dos ministérios segue a lógica das sesmarias e das capitanias, para sempre hereditárias. Partidos conservam territórios na Esplanada mesmo que os prepostos anteriores tenham se revelado técnica ou moralmente incapazes.
No final de semana, a petista Márcia Lopes confirmou que seria a nova chefe do Ministério das Mulheres antes que seu nome fosse formalizado. Nesta segunda-feira, Márcia foi empossada no cargo sem que Lula explicasse à plateia qual foi a incapacidade que motivou o afastamento da antecessora dela, Cida Gonçalves.
No final do mês passado, ocorrera algo parecido, só que em sentido contrário. O deputado Pedro Lucas, líder do União Brasil, decidiu se desnomear ministro das Comunicações duas semanas depois de o Planalto trombetear a escolha do seu nome. A despeito da inédita descortesia, Lula manteve a pasta das Comunicações como feudo do mesmo partido.