Fraturas, próteses e tatuagens podem dar pistas na identificação de vítimas de acidente aéreo
Fraturas, tatuagens, próteses dentárias e outras características serão mapeadas para ajudar na identificação de corpos das vítimas do acidente aéreo em Vinhedo, interior de São Paulo.
Todas as 62 pessoas que estavam a bordo do avião que ia de Cascavel (PR) para Guarulhos (SP)) morreram. Foram identificados os corpos do piloto e do copiloto do voo.
Como os corpos estão total ou parcialmente carbonizados, qualquer detalhe pode ser fundamental na identificação.
As características físicas das vítimas serão catalogadas após uma entrevista feita com familiares, em um centro de atendimento montado no Instituto Oscar Freire, na zona oeste de São Paulo.
“Os familiares passam por uma entrevista com os especialistas do Instituto Médico-Legal. Eles buscam informações como, por exemplo, se a pessoa tinha alguma fratura, tatuagem, prótese no corpo, para facilitar a busca. Também é realizada a retirada de DNA dos familiares. Esse trabalho está sendo realizado aqui no Instituto Oscar Freire”, explica o capitão Roberto Farina, da Defesa Civil.
As famílias das vítimas terão a opção de realizar a coleta de material para identificação dos corpos em Cascavel, São Paulo ou Ribeirão Preto. A escolha do local é facultativa, segundo a Defensoria Pública de São Paulo.
Além disso, os familiares podem emitir uma autorização para que terceiros realizem a liberação dos corpos no IML, caso não possam comparecer pessoalmente.
A Polícia Federal diz que os primeiros 24 corpos das vítimas do acidente aéreo provavelmente poderão ser identificados por meio de impressão digital.
Esses corpos, que foram resgatados na manhã deste sábado (10), estavam na parte da frente da aeronave, menos atingida pelo fogo após a queda.
A aeronave caiu na área de uma casa no condomínio Recanto Florido, no bairro Capela. Imagens feitas por moradores mostram o avião em queda livre e, na sequência, uma explosão seguida por muita fumaça.
“Todos os corpos estão como estivessem sentados em seus respectivos assentos. Lógico que tem a dinâmica da queda, do movimento quando bate no solo, mas as vítimas estão dentro da aeronave”, afirmou o porta-voz do Corpo de Bombeiros, o capitão Michael Cristo.
Até as 15h, cinco famílias já tinham passado pelo centro de atendimento montado na zona oeste de São Paulo. Além disso, havia 31 familiares cadastrados no hotel.
A imprensa não tem acesso às famílias, que estão chegando em vans na sede do instituto.
Nas próximas próximas horas, devem chegar parentes das vítimas vindo do Paraná. Além disso, familiares de vítimas da Venezuela e Portugal já foram contatados.
As famílias também vão passar por um processo que inclui acolhimento psicológico e assistência jurídica.
Os processos acontecem em dois hotéis, um no Tatuapé (onde ficarão parentes de tripulantes), na zona leste da capital, e outro no centro (para familiares de passageiros), e no auditório do Instituto Oscar Freire.
“O que acontece é que a família chega ao hotel, onde recebe acolhimento psicológico e jurídico. No auditório, há uma equipe técnica, da Polícia Técnica-Científica, que orienta sobre a entrega de materiais que possam ser importantes para a dupla checagem de identificação”, diz o capitão Roberto Farina, da Defesa Civil.
Os primeiros identificados são o piloto Danilo Santos Romano, 35. Ele trabalhava na Voepass desde novembro de 2022. Anteriormente, trabalhou também na Air Astana, uma companhia do Cazaquistão e, por cinco anos, na Avianca Brasil, operando jatos de médio e grande porte.
A outra vítima identificava foi o copiloto, Humberto de Campos Alencar e Silva, 61. Ele trabalhava na Voepass havia cinco anos e tinha uma experiência de mais de 5.000 horas de voo.
Folha de São Paulo