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Globo estreou série que satirizava classe média há 30 anos


Produção da Globo baseada em crônicas do escritor Luís Fernando Veríssimo sobre a classe média brasileira chegou a festival de sucesso da Alemanha

Em 25 de abril de 1995, há 30 anos, a Globo estreava a série A Comédia da Vida Privada como sua nova obra da faixa das 22h. Baseada em crônicas do escritor Luís Fernando Veríssimo, a série satirizava a classe média brasileira. Relembre a obra que fez parte da grade da emissora por dois anos.

Comédia sobre o cotidiano

Com criação de Guel Arraes e Jorge Furtado, A Comédia da Vida Privada mirava em cheio no cotidiano urbano: as crises conjugais, os desentendimentos familiares, os tabus do sexo e da aparência, tudo embalado por um humor inteligente e por vezes melancólico.

Como relembra o jornalista Nilson Xavier, do Teledramaturgia, a série estreou na faixa das 22h, dentro do projeto Terça Nobre, e conquistou o público com episódios mensais que misturavam comédia, crítica social e situações absurdamente verossímeis.

O piloto, exibido em 1994, já dava o tom do que viria: três casais, interpretados por estrelas como Fernanda Torres, Marco Nanini, Malu Mader e Tony Ramos, viviam situações espelhadas, revelando as fragilidades e repetições dos relacionamentos modernos.

Sem elenco fixo

Um dos diferenciais da série foi o formato sem elenco fixo. Cada episódio era uma história autônoma, com diferentes personagens e elencos estelares que incluíam nomes como Débora Bloch, Pedro Cardoso, Giulia Gam, Marieta Severo, Daniel Dantas e Fernanda Montenegro.

A liberdade criativa permitia explorar diferentes estilos narrativos e estruturas dramáticas — do romance ao quase teatro do absurdo — e tornou-se um campo fértil para roteiristas e diretores experimentarem novas linguagens na televisão brasileira.

O humor era ácido, mas nunca gratuito. Em Mãe é Mãe, por exemplo, Marieta Severo vivia uma mãe superprotetora às voltas com o filho adulto (Murilo Benício), enquanto As Idades do Amor reuniu três gerações — com Fernanda Torres, Pedro Cardoso e Fernanda Montenegro — para discutir o amor em diferentes fases da vida.

Reconhecimentos

Em dezembro de 1995, A Comédia da Vida Privada recebeu o Grande Prêmio da Crítica da Associação Paulista de Críticos de Arte (APCA), e alguns de seus episódios chegaram a ser exibidos no prestigiado Top Television Munich Film Festival, na Alemanha — um feito raro para produções televisivas brasileiras da época.

O reconhecimento internacional atestava o valor artístico da série, que se equilibrava entre o entretenimento popular e uma sofisticação narrativa rara no horário nobre. Após o fim da produção em 1997, com 22 episódios exibidos, A Comédia da Vida Privada ganhou uma segunda vida nas reprises do canal Viva, a partir de 2010.

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