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Imensa, expansão de ‘Elden Ring’ cativa até jogador saturado

Quando escrevi para a Folha sobre Elden Ring em 2022, na época do lançamento do RPG, sabia que estava diante de um videogame único. Foi um jogo que expandiu as possibilidades do que um RPG poderia ser e aprofundou a visão da desenvolvedora japonesa FromSoftware, responsável pela série “Dark Souls”, em um produto que de fato parecia a culminação de uma década de experimentação e lições aprendidas.

Por isso, eram grandes por aqui as expectativas sobre a expansão “Shadow of the Erdtree”, que vai ser lançada nesta sexta. Tão grandes quanto a apreensão. Como seria possível não decepcionar o jogador que dedicou tantas horas à experiência original e que, ao mesmo tempo, já explorou as Terras Intermédias tão meticulosamente que nada mais o surpreende?

A resposta de Hidetaka Miyazaki, presidente da FromSoftware e diretor de “Elden Ring”, parece ter sido a máxima em time que está ganhando não se mexe. “Shadow of the Erdtree” é, em poucas palavras, mais do mesmo —um elogio para uma expansão que complementa um dos melhores jogos dos últimos dez anos de maneira hábil e interessante.

Por isso mesmo, o principal comentário que se pode fazer sobre o novo conteúdo é que ele recupera, mesmo para quem já possa estar saturado da experiência original, a sensação mágica que “Elden Ring” desperta tão bem ao, por exemplo, se descobrir cavernas, castelos e cidades em ruínas, e ao produzir momentos em que nada resta ao jogador a não ser ficar boquiaberto com a beleza e inventividade do jogo.

O tamanho do mapa foi uma preocupação para fãs quando a FromSoftware anunciou que esta seria a única expansão de “Elden Ring” —e também quando divulgou o preço. Entre R$ 150 e R$ 214, é mais caro que muito jogo por aí. Felizmente, ele é imenso, e as áreas exploráveis são tão interessantes, variadas e cheias de surpresas quanto as do jogo original.

Para além disso, “Shadow of the Erdtree” cativa o jogador acostumado com “Elden Ring” porque tem a seu favor novos chefes, novas armas, magias e armaduras e, principalmente, a promessa de responder questões prementes da história que ficaram sem explicação.

A trama se debruça sobre o personagem Miquella, o semideus responsável por muitos dos acontecimentos de “Elden Ring”, mas com quem o jogador não chega a interagir no jogo original. Na expansão, é papel do personagem refazer os passos de Miquella em uma nova dimensão, a Terra das Sombras, e entender sua verdadeira natureza.

Ao melhor estilo FromSoftware, o jogador começa a “Shadow of the Erdtree” em uma caverna escura e, ao subir um curto lance de escadas, se depara com uma paisagem vasta e uma árvore sombria colossal, antecipando o destino final da aventura. Também ao melhor estilo da famosa dificuldade dos jogos da desenvolvedora, o primeiro inimigo que se encontra é bastante desafiador.

Para acessar a expansão, é necessário ter derrotado um chefe opcional bastante difícil e que só costuma ser enfrentando bem tarde na progressão normal de “Elden Ring”. Por isso, para manter o nível de dificuldade e evitar que você atropele todos os inimigos ao chegar na Terra das Sombras com seu mago nível 145, a expansão cria um sistema de níveis paralelo.

Espalhados pelo mapa estão fragmentos da árvore sombria ao centro da trama, e é usando eles que você aumenta sua resistência e dano na nova dimensão. Não que os níveis tradicionais não tenham importância, mas mesmo os jogadores com personagens bastante desenvolvidos vão perceber logo de cara que a dificuldade na nova expansão não deixa nada a desejar, e que vai ser preciso procurar pelos tais fragmentos.

A escolha encoraja a exploração minuciosa das novas áreas atrás desses itens, que são raros. Mas, também como no jogo original, explorar por si só é a recompensa. Explico com uma anedota: em determinada parte do jogo, encontrei uma caverna que parecia ordinária como qualquer outra. Entro, descubro que os inimigos são uma espécie de homens-dragão parecidos com os que já encontramos no jogo base, mas com mais variedade.

Avanço na caverna, derroto —com certa tentativa e erro— o chefe, e me dou por satisfeito. Mas, depois de despachado o chefe dos homens-dragão, a caverna se abre para uma vista de imensas montanhas que parecem saídas de um livro de H.P. Lovecraft. É uma área completamente nova, que está relacionada à história dos dragões no jogo original, e cuja exploração tensa e cheia de perigos me deixou vidrado na tela como nos melhores momentos do jogo original.

Em suma, “Shadow of the Erdtree” é uma vitória da FromSoftware. Se você, como eu, dedicou centenas de horas para “Elden Ring” desde o lançamento, talvez ache algumas das áreas um tanto familiares e até repetitivas, o que é verdade. Mas a expansão tem muita coisa para oferecer. Incluindo, para quem passou outras dezenas de horas tentando entender os detalhes da história complexa do jogo, respostas.

O jogo foi cedido pela Bandai Namco para a realização desta crítica.

Folha de São Paulo

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