Imobiliárias têm alta na procura por aluguéis por enchentes
“Clientes batiam à porta”, diz a corretora Layana Moura Coelho da Rosa, dona de uma imobiliária com seu nome. Hoje a procura por imóveis se dá em grande parte pela internet e a ida dos clientes até as agências ocorre em momentos específicos. Porém, com as enchentes, as imobiliárias passaram a perceber um comportamento diferente. “A gente costuma receber muito mais clientes por lead (contato inicial pela internet, por exemplo) ou por indicação. Mas com as enchentes, a gente tinha clientes batendo na porta desesperados, dizendo ‘preciso alugar um imóvel, minha casa está debaixo d’água’. Queriam para ontem”, conta Layana.
Perfis diferentes de clientes. A alta procura por imóveis para locação se dá por pessoas que ainda não conseguiram voltar para casa – por estar debaixo d’água -, ou por quem já conseguiu voltar, mas está sem água ou luz, explica o vice-presidente de locação do Secovi-RS e sócio-administrador da imobiliária Vila Rica, Leandro Hilbk. “As pessoas ainda estão apavoradas. Tem muita gente que não conseguiu retornar para casa ou que está morando em abrigos públicos e que não quer ficar mais ali, mas não tem onde ficar. Há pessoas morando no carro com a família”, explica. A procura também ocorre por aqueles que ficaram “ilhados” pelos alagamentos e que não querem reviver essa situação.
Imóveis em ‘áreas secas’ têm preferência. “As pessoas estão procurando imóveis que não foram afetados pela chuva. Tem muita procura por apartamentos ou por casas em regiões mais altas. A procura é muito, muito grande na região metropolitana como um todo”, explica o sócio-administrador da Vila Rica.
Faixa de preço parecida. Na Guarida há uma busca maior por imóveis na faixa dos R$ 1 mil a R$ 2 mil. Na imobiliária Layana Brazilian Broker a procura também é por apartamentos e casas considerados de “médio padrão”.
Demanda represada. O alagamento de parte do centro histórico de Porto Alegre acabou interrompendo o funcionamento de imobiliárias localizadas nesta região. Uma delas foi a Guarida Imóveis, que remanejou o atendimento para outras agências da rede. O gerente de locações da Guarida, Tiago da Silva Seltenreich entende que, além da procura por imóveis para aluguel por pessoas afetadas por alagamentos, também há demanda represada desses dias em que a agência central ficou fechada. “Essas pessoas que pararam buscas por imóvel, agora retornaram com toda a força”.
Imóveis deixam portfólio de venda para aluguel de temporada. Com número escasso de imóveis para locação, as imobiliárias passaram a procurar donos de casas e apartamentos anunciados exclusivamente para venda (veja abaixo) e propor contratos de aluguéis mais curtos. Na Auxiliadora Predial pelo menos 8% da carteira de venda foi convertida para aluguel de temporada, explica a gerente de Aluguéis Residenciais, Milena Lopes Machado. “As pessoas têm procurado locações por três, quatro ou seis meses porque elas muitas vezes não têm ainda a clareza do período que vão ficar fora do seu imóvel, que vai necessitar para reformá-lo ou até mesmo para novamente ocupá-lo. Não tem exatamente a proporção do seu prejuízo. O que ela sabe é que precisa durante esse período ter um novo lar para residir”, explica.
Matéria: UOL Economia