Economia

Impostos de absorventes são reduzidos a zero, qual impacto?

Para Agostini, essa é uma medida importante para promover igualdade de gênero. Segundo ela, também é importante para fomentar o debate de que absorventes são bens essenciais, ou seja, que garantem condições básicas de vida em sociedade. “Atualmente eles são considerados como cosméticos e itens pessoais, devido à imensa lacuna e invisibilidade da menstruação na política.”, acrescentou a especialista.

Essa isenção também beneficia o trabalho voluntário de ONGs e instituições. É o que afirma Victoria Dezembro, presidente e fundadora da ONG Projeto Luna, que atua na conscientização sobre a dignidade menstrual e auxilia populações em situação de vulnerabilidade com kits de itens de higiene.

A isenção fiscal irá impactar significativamente o trabalho das ONGs e instituições dedicadas ao combate da pobreza menstrual, reduzindo custos e aumentando as suas capacidades de não só alcançar mais beneficiários, mas também permitindo às ONG maiores investimentos em outras áreas essenciais, como a educação, campanhas de sensibilização e desenvolvimento de infraestruturas. Além disso, a acessibilidade aos artigos menstruais pode encorajar mais parcerias e doações, aumentando ainda mais o alcance destas organizações.
Victoria Dezembro, presidente e fundadora da ONG Projeto Luna

Isenção ajuda, mas não é o suficiente

Apesar da inclusão do produto na lista da alíquota zero, para Larissa Agostini a medida não é o suficiente para sanar a falta de acesso a esses itens.

A redução no preço vai contribuir economicamente no orçamento familiar, mas ainda não vai acabar com a pobreza menstrual. É fundamental que políticas públicas que visam esse objetivo olhem além da tributação de um item. É sobre acesso adequado a serviços de saúde, moradia digna, saneamento básico e renda. A falta de produtos e condições dignas para gerir a menstruação afeta diretamente a vida de meninas, mulheres e pessoas que menstruam. Meninas em idade escolar frequentam a escola até dois meses a menos do que os meninos, por exemplo.
Larissa Agostini, internacionalista e especialista em Gênero, Saúde Menstrual e Reprodutiva

Matéria: UOL Economia

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