Lula diz que chamará Petrobras e Ibama para decidir sobre margem equatorial
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) disse nesta terça-feira (18) que chamará o Ibama (Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis), a Petrobras e o Ministério do Meio Ambiente para decidir sobre a exploração de petróleo na chamada margem equatorial.
Lula, em entrevista, voltou a afirmar que o Brasil não desperdiçará a oportunidade de explorar petróleo na região.
Em entrevista à rádio CBN, Lula afirmou que o local onde se pretende explorar petróleo na bacia Foz do Amazonas, parte da margem equatorial, está a uma grande distância da região sensível ambientalmente e que, enquanto faz a transição energética, o Brasil precisa ganhar dinheiro com petróleo.
“Em algum momento, eu vou chamar o Ibama, a Petrobras e o Meio Ambiente na minha sala para tomar uma decisão. Esse país tem governo, e o governo reúne e decide. Se as pessoas podem ter posições técnicas, vamos debater tecnicamente. O que não dá é a gente dizer a priori que a gente não vai explorar uma riqueza que, se for verdade as previsões, é uma riqueza muito grande para o Brasil”, disse Lula.
“É contraditório? É, porque nós estamos apostando muito na transição energética. Ora, mas enquanto a transição energética não resolve o nosso problema, o Brasil tem que ganhar dinheiro com esse petróleo”, acrescentou.
Lula lembrou que Guiana e Suriname, países vizinhos do Brasil, estão explorando petróleo na região.
Localizada entre os litorais do Amapá e do Rio Grande do Norte, a margem equatorial é vista por especialistas como uma área de grande potencial para a exploração de petróleo. É também considerada uma região ambientalmente sensível, com grandes distâncias para percorrer até a costa em caso de acidentes.
Em maio de 2023, o Ibama recusou pedido de licença da Petrobras para realizar estudos visando possível exploração de petróleo no bloco 59 da bacia Foz do Amazonas, em local próximo ao litoral do Amapá, parte da margem equatorial.
A negativa gerou um racha no governo e levou o líder do Executivo no Congresso, senador Randolfe Rodrigues (sem partido-AP), a desfiliar-se da Rede Sustentabilidade, partido da ministra do Meio Ambiente, Marina Silva.
Marina defende a decisão do Ibama, que aponta que a Petrobras não apresentou estudos que garantam a segurança ambiental das pesquisas exploratórias. Por outro lado, além de Randolfe, outros membros do governo Lula, como o ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, defendem a exploração na região.
Folha de São Paulo