Lula, o distribuidor de renda

Luiz Inácio Lula da Silva teve alguns milhões de votos em 2022 de pessoas com repugnância merecida a Jair Bolsonaro. Foi por pouco: 50,9% a 49,1%.
O que o presidente entregou a essas pessoas que não gostam dele e que votaram nele na margem, talvez a contragosto, para evitar o pior?
O mundo e o Brasil não passam por uma pandemia ou crise financeira severa. Mesmo assim, Lula aumentará em mais de dez pontos percentuais a dívida pública brasileira em quatro anos.
Como? Gastando mais do que arrecada em impostos. Era isso o que os eleitores que deram a vitória a Lula queriam?
Há um preço nisso, pois investidores cobram mais de quem deve muito. E o mundo inteiro está mais endividado, o que fará os juros ficarem permanentemente mais caros por aqui.
O PT parece ser eficiente apenas na abundância, como nos anos 2000, no boom das commodities e do crescimento sem precedente da economia global naquela época. Mas tem uma dificuldade enorme em administrar e enxugar quando necessário.
A maior despesa pública atual está relacionada à Previdência, em que o indexador de reajuste é o salário mínimo. Lula quer dar aumento real aos aposentados. Acima da inflação a quem não trabalha mais. Faz sentido? Do ponto de vista populista, sim. Quem não quer aumento sem fazer nada?
Eleitores ilustres e esclarecidos de Lula, cirurgicamente contra Bolsonaro, se opõem a isso e têm sido massacrados por defender menos gastos na Previdência.
O fato é que o Brasil de hoje paga o terceiro maior juro real do mundo, por conta de medidas populistas de Lula, como essa do aumento real para aposentados.
Quem é minimamente rico ou tem algum dinheiro no banco agradece. Ganho de quase 10% ao ano sem fazer nada —à custa de muitos aposentados. É assim que Lula quer distribuir renda?
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Folha de São Paulo