Economia

Mariana Londres: Como o temor de recessão nos EUA afeta o bolso dos brasileiros

No dia seguinte à “segunda-feira sangrenta”, de derretimento dos mercados globais, a avaliação de integrantes da equipe econômica do governo e de gestores é de que o temor de recessão nos EUA traz instabilidade, com turbulências à vista (como a de ontem), mas também potenciais efeitos positivos, como a redução da pressão inflacionária no Brasil.

O resultado dessa equação, se mais positiva ou negativa para o Brasil, vai depender do tamanho da recessão nos Estados Unidos. Em um cenário de recessão leve nos EUA, as consequências devem ser:

  • Com indicadores de que há uma recessão à vista, aumentam as apostas de um corte de juros maior e mais cedo do que o esperado pelo Fed (Banco Central dos EUA).
  • O efeito esperado de uma redução dos juros americanos é uma desvalorização do dólar globalmente (porque deixa de ser tão interessante investir nos títulos americanos).
  • No Brasil, o dólar mais “barato” reduz a pressão nos preços (já que há consumo de produtos e componentes importados no Brasil), e, consequentemente, a inflação.
  • A desvalorização global do dólar também tende a reduzir o preço das commodities, deixando os alimentos mais baratos no Brasil.
  • Se a inflação de fato ficar mais controlada no Brasil em função dos efeitos acima, o Banco Central brasileiro tende a afastar a possibilidade que entrou na mesa de aumento da taxa básica de juros brasileiros, mantidos na última reunião do Copom em 10,5% ao ano. A ata do Copom divulgada nesta terça-feira diz que o BC brasileiro não hesitará em subir os juros em caso de piora do cenário para a inflação.

Matéria: UOL Economia

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