Médico explica doença que levou Marcelo Rezende à morte: “Potencialmente grave”

Marcelo Rezende (1951-2017), conhecido por sua carreira como apresentador de televisão e por comandar o programa Cidade Alerta, na Record TV, enfrentou um dos tipos de câncer mais agressivos e silenciosos: o câncer de pâncreas.
O jornalista, que morreu aos 65 anos, tornou público seu diagnóstico em 2017 e lutou bravamente contra a doença, que evoluiu rapidamente e levou à sua morte meses depois.
O câncer de pâncreas é difícil tanto para o diagnóstico quanto para o tratamento. CARAS Brasil entrevista o oncologista Dr. Wesley Pereira Andrade, que explica sobre como o tumor costuma se desenvolver de forma silenciosa, dificultando a detecção precoce.
“O câncer de pâncreas é um tumor maligno que se desenvolve nas células do pâncreas — um órgão localizado na região abdominal e responsável por produzir enzimas digestivas e hormônios, como a insulina”, diz.
O tipo mais comum da doença é o adenocarcinoma, originado nos ductos pancreáticos. “Esse tipo de tumor surge a partir de uma mutação genética nas células desses ductos, levando a um processo replicativo desordenado das células”, detalha o especialista.
No caso de Marcelo Rezende, o câncer já havia se espalhado para outros órgãos no momento do diagnóstico. Isso é comum nesse tipo de tumor, que tende a ser identificado em estágios avançados. O Dr. Wesley esclarece os três principais mecanismos que tornam o câncer de pâncreas tão letal.
O primeiro é a invasão local, que afeta diretamente estruturas próximas. “A obstrução das vias biliares leva à icterícia obstrutiva, colangite — que é uma infecção potencialmente grave — e falência hepática. A invasão do duodeno pode causar obstrução intestinal e desnutrição. Quando há infiltração vascular, o tumor invade grandes vasos como a veia porta, o que pode resultar em sangramentos, tromboses ou isquemias”, afirma.
Outro fator crítico são as metástases à distância. O câncer de pâncreas tem alta propensão a se espalhar para o fígado, pulmões e peritônio. “No fígado, ocorre insuficiência hepática progressiva. No pulmão, há risco de insuficiência respiratória. E no peritônio, o paciente pode desenvolver ascite carcinomatosa, que leva à perda de proteínas, infecção e desnutrição grave”, explica o oncologista.