Morre o ex-ministro Delfim Netto, aos 96 anos, em São Paulo
Foi um dos signatários do Ato Institucional nº 5 (AI-5), decreto da ditadura militar que deu ao presidente da República o poder de suspender direitos políticos de qualquer cidadão, intervir nos governos estaduais e municipais e cassar mandatos eletivos. Este período ficou conhecido como o mais sangrento da Ditadura Militar no Brasil.
Como ministro da Fazenda, foi o nome do “milagre econômico”, em que a facilidade de empréstimos impulsionou o consumo e a produção de bens duráveis em território nacional, especialmente eletrodomésticos e automóveis. As medidas fizeram a economia brasileira crescer cerca de 11% ao ano, mas o período também ficou marcado pelo aumento da concentração de renda no Brasil.
Delfim é o autor da célebre frase de que é preciso “fazer o bolo crescer, para depois dividi-lo”, defendendo que primeiro era necessário impulsionar o PIB para depois dividir a riqueza entre a população. Esta última etapa não aconteceu.
Permaneceu como ministro da Fazenda durante o mandato de Emílio Médici, e deixou o cargo na gestão de Ernesto Geisel para ser embaixador do Brasil na França, entre 1974 e 1978.
Quando retornou ao Brasil, o período de grande crescimento econômico e inflação baixa já tinha perdido o fôlego, e ele assumiu o Ministério da Agricultura por cinco meses, seguido do Ministério da Secretaria do Planejamento da Presidência do Brasil em condições econômicas menos favoráveis. Nessa última passagem, contribuiu para a negociação da dívida externa elevada com os credores estrangeiros e com o Fundo Monetário Internacional (FMI), com quem conseguiu empréstimo de US$ 6,5 bilhões.
Após o período militar, Delfim se tornou deputado federal por São Paulo, cargo que exerceu por 20 anos, entre 1987 e 2007.
Matéria: UOL Economia