O que é a E. coli, bactéria encontrada no rio Sena e que pode ter causado internação de triatleta belga
Após nadar no rio Sena na disputa individual do triatlo, na última quarta-feira (31), a triatleta belga Claire Michel ficou doente e precisou ser hospitalizada. Ela não participou da prova de triatlo mista desta segunda (5), nos Jogos Olímpicos de Paris 2024.
A suspeita é que a atleta, assim como outros participantes, tenha tido uma infecção bacteriana por E. coli
A Escherichia coli (E. coli) é uma bactéria comum no intestino de humanos e animais. Embora a maioria das cepas seja inofensiva, algumas podem causar doenças graves transmitidas por alimentos, segundo o Ministério da Saúde.
Cólicas abdominais, vômito, febre e diarréia, inclusive com presença de sangue, são os sintomas mais comuns. O período de incubação varia de três a oito dias.
A natação, uma das três etapas do triatlo, é realizada no Sena. O rio recebeu um investimento de mais de 1,4 bilhão de euros (cerca de R$ 8,8 bilhões) para reduzir a poluição para as Olimpíadas de Paris.
No entanto, a qualidade da água foi considerada imprópria e o triatlo masculino da última semana teve que ser adiado em 24 horas, porque poderia colocar a saúde dos atletas em risco. Isso porque a análise indicou níveis superiores ao considerado aceitável da bactéria E. coli.
Vídeos de atletas vomitando após a prova chegaram a repercutir nas redes sociais. O triatleta Tyler Mislawchuk, da delegação canadense, disse que vomitou dez vezes depois de nadar no Sena. O atleta chegou a publicar uma foto do momento em suas redes sociais.
A colega de time de Michel, a triatleta Jolien Vermelylen, que também mergulhou nas águas na prova feminina, chegou a dizer à imprensa belga que “sentiu e viu coisas que não deveria pensar muito”.
Para que a água seja considerada de qualidade “suficiente” para as provas, os níveis de E. coli devem estar abaixo de 900 unidades por 100 mililitros, conforme a União Internacional de Triatlo.
A infecção pela bactéria pode ocorrer por ingestão de carne mal cozida, leite não pasteurizado, contato com animais infectados ou alimentos lavados com água contaminada. No caso dos atletas, o contágio ocorreu pela ingestão de água contaminada.
Entre os cuidados para evitar a infecção, o Ministério da Saúde recomenda hábitos diários de higiene, como lavar as mãos; evitar comer em ruas e feiras, ou em locais onde não se sabe a origem dos alimentos e segurança do preparo também é recomendado.
Além de problemas gastrointestinais, a bactéria pode causar infecções na corrente sanguínea e em várias partes do corpo, como bexiga, próstata, vesícula biliar e pulmões. Em recém-nascidos, pode causar meningite.
Em idosos e crianças, a infecção pode se agravar e causar a SHU, Síndrome Hemolítica Urêmica. A doença causa insuficiência renal aguda, anemia hemolítica (devido à destruição anormal das hemácias) e redução das plaquetas (trombocitopenia), responsáveis pela coagulação do sangue.
O tratamento geralmente envolve o uso de antibióticos. A maioria dos infectados se recupera em até dez dias.
Informação
Folha de São Paulo