por que ações caem cerca de 3% após Investor Day ‘positivo’?
A Azzas 2154 (AZZA3), resultado da fusão entre a Arezzo&Co com Grupo Soma, realizou seu primeiro Investor Day, reunindo investidores e analistas. O foco do evento foi a apresentação de pilares do início da operação da nova companhia. Os papéis da companhia, contudo, caíam 3,06%, cotados a R$ 52,29, por volta das 13h (horário de Brasília) da sexta-feira.
Antes do evento, a Azzas 2154 já havia apresentado as orientações (guidance, em inglês) de R$ 1 bilhão em receitas adicionais até 2027. Mesmo com praticamente consenso de analistas de que as informações apresentadas são animadoras e positivas, as análises fazem a ressalva de que ainda há cautela por parte de investidores, o que pode explicar a queda dos papéis.
Os três principais pilares da fase inicial são as sinergias de receitas, melhorias na frente da Hering e expansão da Farm Global, de acordo com análise do JPMorgan. O banco classifica o papel como overweight (peso superior, similar à compra), negociando a 11 vezes o preço sobre o lucro (P/L) para 2025 e 8 vezes a relação para 2026.
No primeiro pilar, a expectativa é que coleções de calçados lançadas com marcas do Soma e Hering possam fazer o papel de alavancar receitas comuns. Já para a Hering as primeiras iniciativas miram na melhoria de capacidade de resposta e execução de sell-in.
“As discussões sobre sinergias de custos e despesas foram limitadas, pois o plano ainda está sendo totalmente estruturado. No entanto, a administração indicou que há espaço para economias significativas, o que deve ser o foco da segunda fase da integração”, comenta o banco.
Nesse contexto, a interpretação do JPMorgan sobre as sinergias foi positiva, mas o banco considera que investidores tratam as informações com mais cautela. A expectativa é que haja canibalização limitada no lançamento dos calçados. Além disso, aspectos culturais das organizações e de governança tem sido cuidadosamente abordados e não é uma preocupação para o banco no momento.
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A questão também foi bem considerada pelo Goldman Sachs, que entende o relacionamento entre as equipes de gestão como cooperativo e harmonioso. “Acreditamos que a administração encontrou um bom equilíbrio entre fornecer aos investidores dados suficientes para ancorar as expectativas de receita sem se comprometer com projeções que poderiam parecer inalcançáveis ou difíceis de medir”, resume a análise do banco estrangeiro. A recomendação é de compra, com preço-alvo em R$ 74 e o alvo para 12 meses de relação de P/L em 16 vezes.
A XP aponta que o evento trouxe mais detalhes sobre as sinergias potenciais do acordo e os primeiros resultados das iniciativas em andamento, principalmente relacionadas ao crescimento de receita. As sinergias compartilhadas foram ligeiramente inferiores às suas projeções, enquanto cerca de 50% dos investidores não incorporam nenhuma sinergia em seus modelos. No entanto, acredita que a falta de mais detalhes sobre custos dos produtos vendidos (COGS), despesas de vendas, gerais e administrativas (SG&A) e sinergias tributárias frustrou alguns investidores.
O Itaú BBA entende que a gestão está focada em motores de receita mas que, considerando os riscos inerentes à execução, investidores precificarão ganhos gradualmente. O papel é top pick do setor de vestuário, com classificação Outperform (performance acima do esperado, similar à compra), com preço alvo em R$ 74,00 e múltiplos de 12 vezes o P/L para 2025.
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O otimismo também foi presente na análise do Bradesco BBI, que teve percepção positiva sobre os objetivos estratégicos e os próximos passos antecipados pela companhia. “Mais importante do que revelar as sinergias das fases 2 e 3 é converter o plano atual em resultados consistentes para começar a reavaliar a tese de investimento”, ponderam os analistas do banco. A classificação é outperform, com potencial de valorização (upside) de cerca de 20% até o fim de 2025.
Infomoney