Pressão de preços nos EUA atropela alívio da inflação bem comportada aqui
O bom comportamento dos preços, em março, foi confirmado pelo expressivo recuo da média dos núcleos de inflação — que medem as variações mais estruturais dos preços —, que caiu para 0,15%, depois de alcançar 0,5%, em fevereiro, recuando para alta de 3,8%, no acumulado em 12 meses. O mesmo se pode dizer do índice de dispersão — que contabiliza o percentual de bens e serviços, entre os quase 400 que compõem o IPCA —, que ficou em 55,7%, no mês passado, ante média histórica superior a 62%.
O efeito do esperado bom comportamento dos preços na trajetória da taxa básica de juros (taxa Selic) e nas cotações do dólar, contudo, tende a ser menos intenso do que os níveis moderados de inflação poderiam fazer supor. A inflação, no Brasil, sofre impactos da alta de preços nos Estados Unidos, e de seus reflexos na taxas de de juros de referência, no mercado americano, definidas pelo Fed (Federal Reserve, banco central americano).
Também divulgada nesta terça-feira, a inflação ao consumidor, nos Estados Unidos, veio acima do estimado, com alta de 0,4%. Para a grande maioria dos analistas, o resultado inviabiliza um movimento de redução dos juros de referência pelo menos até setembro.
Pressões no dólar vêm dos EUA
Essa perspectiva de manutenção dos juros em nível relativamente alto, nos Estados Unidos, levou o dólar a se valorizar contra quase todas as moedas do mundo. No mercado brasileiro, mesmo com boas notícias na inflação, a cotação da moeda americana subiu forte, tendo chegado a R$ 5,09 durante o pregão, com alta de quase 1,5%, fechando a R$ 5,07.
Também refletindo a perspectiva de que juros americanos mais altos atraiam capitais externos aplicados na Bolsa brasileira, o Ibovespa recuou, na sessão desta terça-feira. Chegou a descer a menos de 128 mil pontos, com queda também de quase 1,5%.
Matéria: UOL Economia