Saúde publica nota técnica com orientações para monitoramento de anomalia congênita causada por oropouche
O Ministério da Saúde publicou uma nota técnica para orientar os serviços de saúde públicos e privados a investigarem e acompanharem os casos suspeitos de oropouche em gestantes, anomalias congênitas e óbitos fetais possivelmente relacionados à infecção por orov.
De acordo com as orientações, merecem atenção as grávidas com sinais e sintomas compatíveis com infecção por arbovírus, como febre de início súbito, acompanhado de dor de cabeça, muscular, atrás dos olhos e nas articulações; tontura, náuseas, vômitos, exantema, manifestações hemorrágicas (sangramento gengival e nasal); petéquias ou indícios de gravidade, como acometimento do sistema nervoso central (meningite asséptica, meningoencefalite).
A regra é válida para os casos de anomalia congênita do sistema nervoso central no feto ou no recém-nascido, e óbito fetal sem outras causas aparentes ou comprovadas —doença genética ou as infecciosas (sífilis, toxoplasmose, rubéola, citomegalovírus, herpes)—, se a gestante for residente ou tiver histórico de deslocamento para área de circulação confirmada do orov, ou apresente histórico de sintomas compatíveis com arboviroses.
A paciente deve ser acolhida e acompanhada durante o pré-natal quando identificado risco à ela ou ao feto. As infecções por arbovírus, outros agentes infecciosos, vacinas e presença de anomalias congênitas na família deverão constar na caderneta e no seu prontuário.
Outra orientação é notificar, investigar e coletar amostras de sangue da grávida para testar por meio
de biologia molecular RT-PCR em paralelo para dengue, zika, chikungunya, orov e febre do mayaro.
As equipes de saúde deverão realizar visitas domiciliares e orientar sobre as medidas de proteção contra os vetores das arboviroses.
Em nascido vivo com anomalia congênita possivelmente relacionada à infecção por arbovírus deve-se coletar amostras de sangue e soro da mãe e do bebê, no parto, e encaminhar ao laboratório de referência para diagnóstico de dengue, zika, chikungunya, orov e febre do mayaro, bem como de outras infecções (sífilis, toxoplasmose, rubéola, citomegalovírus, herpes).
As investigações das arboviroses também deverão contemplar as amostras de sangue, fragmentos do cordão umbilical e da placenta coletados no parto.
Se houver suspeita bem fundamentada de anomalia congênita relacionada à infecção por arbovírus, recomenda-se coletar também uma amostra de LCR (líquido cefalorraquidiano).
Em situações de óbito fetal, a recomendação é coletar amostras de tecido para detecção de arboviroses. O mesmo deverá ser feito com as amostras de sangue materno.
A febre oropouche é uma zoonose causada pelo vírus oropouche, detectado no Brasil na década de 1960. Desde então, casos isolados e surtos já foram relatados. A doença é transmitida aos seres humanos principalmente pela picada do Culicoides paraensis conhecido como maruim ou mosquito-pólvora, inseto que tem um ciclo silvestre e um ciclo urbano.
Até 3 de agosto, foram confirmados 7.497 casos de febre oropouche no Brasil.
Como evitar picadas de mosquitos transmissores de arboviroses
– Use roupas compridas, que cubram as pernas, os braços ou partes do corpo onde os insetos
possam picar;
– Repelentes que contenham DEET, IR 3535 ou icaridina, podem ser aplicados na pele exposta ou nas
roupas, de acordo com as instruções do rótulo do produto;
– Use mosquiteiros feitos de malha fina, como o filó ou o voil branco;
– O maruim é encontrado frequentemente na área externa do domicílio, como quintais e varandas. Eles vivem perto de plantas como bananeiras, pés de cacau, cupuaçu, gramíneas e outras. Recomenda-se evitar esses ambientes durante o período de maior atividade dos vetores, em geral nas primeiras horas da manhã e ao final da tarde (a partir das 16h);
– É fundamental a realização da limpeza de quintais que tenham acúmulo de folhas, cascas de frutas,
ou matéria orgânica, sempre que possível;
– Como medida complementar, é recomendada a proteção com telas de malha fina nas portas e janelas das residências.
Informação
Folha de São Paulo