Sem aperto? Construtora aposta em apartamentos tecnológicos de 45m² em SP
São chamados de estúdios os apartamentos com menos de 30 m2, popularmente conhecidos como kitnet. Os imóveis de 1 quarto — o que inclui os estúdios — foram os únicos que tiveram queda no número de lançamentos e de vendas na capital em 2023 em relação a 2022. A mudança acontece após a explosão de microapartamentos na capital paulista, com ofertas de unidades com até 17 m2.
Agora, lançamentos e vendas de apartamentos maiores do que 30 m2 têm voltado a crescer na cidade. Os apartamentos de dois quartos lideraram os lançamentos e as vendas em 2023. Dos 73,2 mil imóveis lançados na capital paulista no ano passado, 47,1 mil unidades eram de 2 dormitórios – 64% do total lançado no ano.
“Febre” de microapartamentos
Estúdios entram em cena. A tendência de alta de apartamentos com até 30 m2 começou em 2016, com 461 lançamentos, e foi aumentando nos anos seguintes. O ápice foi de 18.459 lançamentos em 2021 – em 2023, foram 12.663 lançamentos. Os dados são do recém-lançado Anuário do Mercado Imobiliário 2023 do Secovi-SP (Sindicato das Empresas de Compra, Venda, Locação ou Administração de Imóveis Residenciais ou Comerciais).
“Mudança reflete acomodação do mercado”, diz Celso Petrucci, economista-chefe do Secovi-SP. Segundo ele, depois da alta de lançamentos de imóveis compactos, o mercado supriu boa parte da demanda e agora atende a outras, de apartamentos maiores. Porém, os apartamentos compactos continuarão a ser lançados na cidade, ainda que em menor ritmo, tanto por serem mais baratos quanto por uma questão cultural, que alinha São Paulo ao que acontece em outras grandes capitais do mundo.
Quase 60% do mercado imobiliário da cidade de São Paulo são de imóveis de até 45 m2 e de até R$ 500 mil. É nessa faixa que os proponentes do (programa do governo federal) Minha Casa Minha Vida acessam sua primeira moradia, além do fato de que os tickets mais baixos são mais fáceis de vender. São Paulo também acompanha uma tendência mundial. Como em todas as grandes capitais do mundo, como Nova York, Paris e Londres, há muitas unidades compactas em regiões onde há grande mobilidade e é próximo de universidades, do trabalho e dos serviços. Isso é uma tendência, então continuaremos tendo lançamentos.
Celso Petrucci, economista-chefe do Secovi-SP
Matéria: UOL Economia