Tecnologia salva vidas, mas o que transforma é a paixão por cuidar

Hoje, Dia Mundial da Saúde, me peguei, mais uma vez, refletindo sobre a essência da prática médica: a paixão por cuidar. Embora a tecnologia venha revolucionado a medicina, proporcionando e tratamentos diagnósticos mais rápidos, precisos e personalizados, é fundamental lembrarmos que a verdadeira transformação na vida dos pacientes vem da atenção e da empatia dedicadas a eles.
Ao longo da minha carreira, especialmente durante a formação em clínica médica, fui constantemente lembrado de que “a clínica é soberana”. Este princípio preconiza que, mesmo com os avanços tecnológicos, a conversa, a anamnese (entrevista entre o médico e o paciente para identificar sintomas e problemas de saúde) detalhada e o exame físico minucioso permanecem insubstituíveis.
A tecnologia deve ser uma aliada que potencializa a relação médico-paciente, não uma substituta do contato humano.
Agora, como gestor da saúde, busco estar atento às tecnologias inovadoras e incentivo todo o time – da gestão à área assistencial – a tirar os melhores benefícios que ela oferece, pois reconheço sua importância na jornada do paciente.
Hoje, já adotamos, algoritmos de IA que filtram eletrocardiogramas realizados, priorizando para laudo aqueles que apresentarem alterações. Isso permite diagnósticos mais rápidos e tratamento imediato para doenças cardíacas. Também vejo com bons olhos a combinação de tecnologias associadas à realidade virtual. Este é o caso do metaverso, um ambiente virtual onde os médicos podem interagir por meio de projeções em 3D para planejamento cirúrgico, reduzindo o tempo, além de melhorar a recuperação do paciente.
Essas inovações, além de respeitar valores assistenciais, que são inegociáveis, têm foco na experiência do paciente, priorizando suas necessidades e particularidades. E, para isso, ferramentas como as Medidas de Resultados Relatados pelo Paciente (PROMs) e as Medidas de Experiência Relatadas pelo Paciente (PREMs) são instrumentos valiosos nesse contexto.
Os PROMs permitem coletar informações diretamente dos pacientes sobre seu estado de saúde, sintomas e qualidade de vida, enquanto os PREMs avaliam a experiência do paciente com os serviços de saúde recebidos. Integrar esses dados ao cotidiano assistencial possibilita identificar falhas, direcionar melhorias e promover um atendimento mais humanizado e eficaz.
O desafio contemporâneo é associar a alta tecnologia com a humanização do atendimento. Nossa missão como médicos é, e sempre será, oferecer um cuidado compassivo e personalizado, considerando o paciente em sua totalidade. Enquanto celebramos os avanços tecnológicos que salvam vidas, devemos lembrar que é o cuidado humano que verdadeiramente as transforma.
Como bem enfatiza o Juramento de Hipócrates: “A saúde e o bem-estar de meu paciente serão as minhas primeiras preocupações.”
* Rogério Reis é médico e vice-Presidente de Hospitais da Rede Américas
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