Saúde

Traição durante a gravidez pode afetar a gestação? Especialistas explicam

Desde que a cantora Iza, grávida de seis meses, anunciou que havia sido traída pelo jogador Yuri Lima, o assunto sobre traição durante a gestação não parou de repercutir nas redes sociais.

Os internautas foram rápidos em lembrar, inclusive, de outras mulheres que passaram pelo mesmo em público, como as influenciadoras Bruna Biancardi e Karoline Lima, traídas pelos jogadores Neymar Júnior e Éder Militão, respectivamente.

Um dos questionamentos levantados é como isso pode afetar a saúde da mulher grávida. Especialistas alertam que a mulher é mais vulnerável durante a gestação e, como qualquer fator estressante, a traição também pode ser prejudicial a sua saúde.

“Uma mulher grávida está mais sensível devido às alterações hormonais próprias da gestação. Consequentemente, tudo o que lhe acontece acaba tendo uma repercussão maior, sejam situações benéficas ou situações negativas”, diz a psiquiatra Carmita Abdo, membro da comissão de sexologia da Febrasgo (Federação Brasileira das Associações de Ginecologia e Obstetrícia).

Em geral, quando existe um combinado de monogamia entre o casal, diz a psicóloga perinatal Rafaela Schiavo, uma das partes pode enfrentar sofrimento emocional e psicológico quando a regra é quebrada.

Em mulheres grávidas, porém, passar um nervoso muito grande leva à liberação de adrenalina e vários hormônios do estresse que não são benéficos ao bebê, diz Danielle H. Admoni, psiquiatra, pesquisadora e supervisora na residência de psiquiatria da Unifesp (Universidade Federal de São Paulo).

“Muitas vezes a gente vê, por exemplo, uma questão emocional levando a uma alteração importante de alimentação e sono, que são fundamentais na gestação. Então se a gestante já não comia direito, come pior; se estava vomitando, vomita mais; se não está dormindo bem, dorme pior ainda”, afirma Admoni.

Do ponto de vista psicológico, segundo Abdo, a mulher grávida pode se ressentir muito da traição por considerar que está sendo rejeitada devido ao corpo modificado. Mas, além de ter a autoestima e a autoimagem afetadas, diz a psiquiatra, a gestante pode desenvolver depressão e ansiedade em função do afastamento do parceiro e da descoberta da traição.

“Pode vir a ter, inclusive, um estresse pós-traumático, ou seja, passar, mesmo que a situação se resolva, a imaginar que essa situação permanece e, como um fantasma, a persegue ao longo de toda a gestação e mesmo depois, durante o relacionamento”, diz Abdo.

Dependendo do grau do estresse sofrido, afirmam as especialistas, o evento pode até levar a contrações e ao adiantamento do parto por causa da liberação de corticoide e dos vários processos inflamatórios presentes no corpo.

Admoni diz que o ideal é focar no que é mais importante nesse momento, “que é realmente cuidar de si mesma, da gestação, e do bebê que está para vir”. “Seria o ideal, mas não é uma situação fácil. A gestação é uma situação de muita fragilidade para a mulher e sem o apoio do parceiro, ainda mais com essa traição concreta, fica bastante complicado.”

Abdo aponta alguns momentos específicos em que pode ser necessário procurar ajuda profissional para que o bebê não sofra com as alterações que emoções fortes e descontroladas podem causar na gravidez.

Segundo ela, eles seriam quando a mulher está com a autoestima muito prejudicada, chora diversas vezes ao dia, não consegue dormir, sente desesperança, desânimo, uma fadiga aumentada além da natural na gestação ou, por outro lado, está inquieta, agitada e não consegue focar no que faz.

“O próprio ginecologista que está acompanhando o pré-natal pode identificar tanto esse quadro de depressão, ansiedade, estresse pós-traumático ou apenas um conflito de casal que, por si só, não deixa de ser uma situação grave. Mas tendo qualquer uma dessas situações em curso, o importante é tratar o quanto antes para que a gravidez siga o mais positiva possível”, diz.

Informação

Folha de São Paulo

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