Veja os detalhes da fraude nas Americanas
Isso aparece em e-mail do ex-executivo Carlos Padilha. “Flávia, fecha com o Sérgio e Paula e envia pen drive ao MG como solicitado. Posiciona por favor”, diz a mensagem. O arquivo a que Padilha se refere mostrava que o saldo acumulado de cartas VPC falsas já chegava a mais de R$ 3 bilhões em julho de 2019, segundo a investigação.
Ex-diretores fizeram contato com bancos para esconder operações de crédito. O MPF cita que os bancos Santander, HSBC e Itaú informaram à auditoria a existência das dívidas decorrentes das operações de risco sacado.
Para contornar os riscos decorrentes da descoberta pelos auditores de dívidas não contabilizadas, os investigados entraram em contato com as instituições financeiras e, sobre falso pretexto, solicitaram que as informações verídicas sobre as dívidas decorrentes de operações de risco sacado fossem “retificadas”.
MPF em parecer sobre o caso Americanas
Histórico de lançamentos era alterado para driblar a auditoria. Dentre outras medidas para dificultar o trabalho da auditoria estavam: aumento forçado de linhas no sistema, já que quanto mais fossem as linhas, mais difícil seria auditá-las; lançamentos fraudulentos em valores menores para direcionar a seleção dos valores “reais”, uma vez que os auditores costumam selecionar os valores mais expressivos; alteração dos históricos de lançamentos cuja descrição poderia chamar a atenção dos auditores.
Balanço era elaborado com base nas expectativas do mercado, a fim de manipular o preço das ações. O grupo elaborava periodicamente um arquivo denominado verde/vermelho com as expectativas de analistas de mercado para os resultados das companhias. As células em vermelho eram as expectativas que não estavam sendo atingidas pela empresa. “Com base nisso, os gestores faziam ajustes ideologicamente falsos em seus balanços para que os números se aproximassem das previsões do mercado”, diz o MPF.
As discussões sobre as expectativas do mercado aparecem em diversas mensagens entre os ex-executivos. Em uma delas, a executiva Flávia Carneiro pergunta a Fabien Picavet qual seria o crescimento considerado bom. “Oi! Qual seria o crescimento ideal? Igual tri anterior?”, pergunta Carneiro. Ao que Fabien Picavet responde: “Mais. Aceleração… 10% seria lindo”.
Matéria: UOL Economia