Zelenski reconhece esforço do Brasil pela paz, diz novo embaixador em Kiev

O novo embaixador do Brasil na Ucrânia, Rafael de Mello Vidal, diz que a relação entre os governos dos dois países, que passou por turbulência no passado recente, vive um bom momento.
Há duas semanas, Vidal entregou suas credenciais ao presidente Volodimir Zelenski, formalidade no início de seu trabalho como representante brasileiro no país. Em seguida, ambos tiveram uma reunião de cerca de 40 minutos em que discutiram a invasão da Rússia, entre outros pontos.
“Está se criando um momento de melhor comunicação. A Ucrânia entende o empenho do governo Lula. E o governo brasileiro entende as áreas sensíveis para a Ucrânia, sobretudo a afirmação da integridade territorial e as garantias de segurança. O Brasil na ONU sempre se posicionou contra o colonialismo e o imperialismo”, diz o diplomata, que antes era embaixador em Angola.
Segundo ele, nem o fato de o Brasil pertencer aos Brics, grupo de países emergentes que também tem a Rússia como membro, atrapalha na relação. “Ao contrário, estando nos Brics podemos ter junto à Rússia uma relação que muitos não conseguem. É um ativo que o Brasil pode oferecer para a paz”, afirma.
A diplomacia brasileira insiste em manter contatos com os dois lados do conflito para facilitar um eventual processo de negociação. Não chega a ser um plano de paz, diz ele.
“É um pré-plano, uma série de medidas de confiança mútua para garantir uma moldura para as negociações”, afirma. Um parceiro nesta empreitada é o governo da China, que também se dispôs a atuar como facilitador nessa fase.
Esse esforço é reconhecido pelo líder ucraniano, diz o diplomata brasileiro. “Os ucranianos reconhecem o empenho do governo brasileiro de sair da zona de conforto para buscar uma saída, não cruzar os braços”, afirma.
O embaixador não vê mudanças imediatas no contexto da guerra com a vitória de Donald Trump na eleição para presidente dos EUA, mesmo com o republicano tendo dado indicações de que pode não dar o mesmo apoio aos ucranianos do que o governo Joe Biden. “Ainda é cedo para sabermos como Trump vai se comportar quando assumir o cargo”, afirmou.
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Folha de São Paulo