Economia

Como a Witzler, do mercado livre de energia, seduziu a Ultragaz

Lucas Witzler, engenheiro elétrico de formação, tinha uma carreira promissora dentro de uma multinacional, mas escolheu jogar tudo para o alto e abrir o próprio negócio. Retornou a Bauru, sua cidade natal, no interior de São Paulo, e batizou a empresa com seu sobrenome. A Witzler foi criada no final de 2015, mirando um segmento que voltava a ganhar tração à época – o mercado livre de energia. Nessa modalidade, os consumidores de alta tensão podem escolher fornecedores, negociar preços e prazos de contratos, obtendo grandes descontos na “conta de luz” em relação ao mercado regulado. 

Menos de 10 anos após sua fundação, a Witzler ganhou um novo controlador. A Ultragaz comprou uma participação de 51,7% na empresa bauruense em uma transação de pelo menos R$ 110 milhões. “Com a chegada da Witzler, a empresa marca sua entrada no mercado livre de energia em todo o Brasil”, afirmou a controlada da Ultrapar (UGPA3), em um comunicado. 

A Witzler registrou receita operacional líquida de R$ 200,9 milhões em 2023 e lucro líquido de R$ 90,1 milhões, mais que o dobro da cifra de 2022 (R$ 39,52 milhões). A carteira de clientes, hoje, tem cerca 3.500 unidades consumidoras e uma média de 150 contratos novos têm sido fechados por mês, segundo o fundador da empresa. 

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“Sozinhos, chegaríamos a pouco mais de 4 mil contratos no final deste ano. Mas a Ultragaz tem, hoje, 60 mil clientes empresariais e nossa expectativa é que muitos desses consumidores sejam elegíveis ao mercado livre de energia”, afirmou Lucas Witzler, em entrevista ao InfoMoney. “A integração com os consumidores de gás da Ultragaz é muito clara para nós”.

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A empresa, que conta hoje com 150 funcionários, espera dobrar sua força comercial com a chegada da nova controladora. “A transação traz todas as condições necessárias para que Witzler e Ultragaz assumam a liderança do mercado livre de energia no modelo varejista”, diz o fundador, sem revelar detalhes da estratégia. O executivo segue no cargo de diretor-presidente. Ainda que controlada pela Ultragaz, a Witzler vai seguir operando como uma empresa independente. 

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Lucas Witzler, fundador da Witzler (Crédito: Witzler/Divulgação)

Foco no segmento varejista

Segundo o último dado público disponibilizado pela Câmara de Comercialização de Energia Elétrica (CCEE), 7.512 consumidores migraram para o mercado livre entre janeiro e abril deste ano. O número equivale a 97% das migrações de 2023 e o crescimento tem um motivo: a entrada em vigor da Portaria 50, do Ministério de Minas e Energia, permitindo a migração de empresas do segmento varejista, com consumo inferior a 500 kw.

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“Nosso foco sempre foi atender clientes considerados pequenos pelo mercado livre de energia e se preparar para uma abertura”, explica o executivo. A Exponencial, braço de comercialização da Witzler, estava habilitada para atuar nesse segmento desde 2020. “Desde então, fizemos uma escalada, investindo em pessoas, tecnologia e processos”. No ranking de abril da CCEE, a empresa tinha a quarta maior carteira de unidades consumidoras com esse perfil, superando gigantes do setor, como CPFL e Cemig. Com a abertura do mercado, as companhias elétricas tradicionais também criaram braços operacionais para lidar com a demanda desse segmento. Mas isso parece não diminuir o otimismo de Lucas Witzler em relação ao futuro da empresa que fundou.   

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“Para uma comercializadora que surgiu de forma independente, sem ligação com nenhuma distribuidora ou geradora de energia, conseguimos construir uma plataforma robusta. Estamos, mês a mês, ganhando espaço entre os gigantes e, com a integração com a Ultragaz, a tendência é que a gente se consolide nesse mercado varejista”, conclui o executivo. 

Infomoney

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