Economia

Todos a Bordo: Ela perdeu o marido em acidente aéreo e hoje ajuda familiares de vítimas

Do luto ao apoio

UOL: Como você recebeu a notícia da morte de seu marido?
Sandra Assali: Meu caso foi bastante específico. Até pelo fato de a empresa não estar preparada. À época, o que tínhamos era rádio, TV, jornal e telefone, a internet era discada ainda. Eu nunca recebi uma ligação da empresa para me comunicar que meu marido era um dos passageiros. Eu só soube porque a televisão começou a mostrar o acidente e apareceu o nome dele. Isso não acontece mais hoje, mas, naquela época, vivemos a dolorosa experiência de crianças assistindo desenho na TV, se preparando para ir para a escola e viram o nome do pai ou da mãe com os das demais vítimas.

UOL: O que você sentiu em seguida?
Sandra Assali: Gerou um impacto em minha vida, de muita dor e sofrimento, lógico. Em seguida, lidar com datas difíceis como o Dia de Finados. Logo depois vem o Natal, que nos atinge mais ainda, já que é uma época de estarmos juntos com as nossas famílias.

UOL: Quando você e os demais familiares decidiram se reunir?
Sandra Assali: Foi no começo de 1997 que começamos a procurar por mais informações, e, já em acompanhamento psicológico. Entendemos que precisávamos estar juntos para criar forças. Após Abrapavaa e como as pessoas estavam reagindo à importância da Associação, percebemos o quanto o Brasil precisava disso.

UOL: O que você tem a dizer aos familiares e amigos das vítimas do acidente com o avião da Voepass?
Sandra Assali: É um momento de luto, de digerir a perda. Pode ter certeza de que é muito difícil, porém, é um fato. E, quando é um fato, há a necessidade de enfrentá-lo. Digo a eles que vivam esse momento de luto agora. Não deixem de ser acompanhados por um profissional, o que vai ser necessário. Estejam próximos de pessoas com as quais vocês se sentem bem, dos seus amigos e familiares, pois será necessário apoio. Tem gente que prefere se isolar, ficar no seu canto e pensar na vida, e é preciso que seu silêncio seja respeitado. Mas que sejam acompanhados para não ficarem doentes.
É um fato, ele aconteceu, por mais doloroso que seja. O luto é para sempre. O que acontece é que você aprende a lidar com o luto. Você tem uma história agora, e ela irá te acompanhar pelo resto de sua vida, não tem volta. Dentro de tudo isso, é importante procurar as boas lembranças e as memórias dos bons momentos que te trazem um alento.
Você não está sozinho, mas tem a sua história e a sua dor. Manifesto os nossos sentimentos e afirmamos que a Abrapavaa está e estará sempre à disposição para todos.

Sandra Assali ao lado de Jerome Cadier (Latam), Sérgio Quito (Gol), John Rodgerson (Azul) e o atual governador de SP, Tarcísio Freitas (SP) durante o 1º Congresso da Abrapavaa, em 2022
Sandra Assali ao lado de Jerome Cadier (Latam), Sérgio Quito (Gol), John Rodgerson (Azul) e o atual governador de SP, Tarcísio Freitas (SP) durante o 1º Congresso da Abrapavaa, em 2022 Imagem: Acervo pessoal

Matéria: UOL Economia

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