Economia

Novo salário mínimo de R$ 1.509 é 78% menor do que deveria ser, diz Dieese

Preço da cesta básica. Para definir o que deveria ser um salário mínimo ideal, o Dieese usa como base do seu cálculo o valor da cesta básica. Segundo o departamento, em julho de 2024, data da última publicação de valor ideal para o salário mínimo, o custo da cesta básica na cidade de São Paulo foi R$ 809,77. Na comparação com julho de 2023, o valor subiu 5,17%. “O Dieese parte do princípio constitucional de que o salário mínimo deve garantir as necessidades básicas de um trabalhador e sua família, considerando um núcleo familiar de quatro pessoas. Essa remuneração ideal englobaria itens como alimentação, moradia, saúde, educação, cultura, transporte e previdência social”, explica Carla Beni, economista e professora de MBAs da FGV.

Valor do salário mínimo não afeta só o trabalhador. O salário mínimo serve também como base de cálculo para aposentadorias, auxílios e outros benefícios do INSS (Instituto Nacional do Seguro Social), como o BPC (Benefício de Prestação Continuada). Além disso, ele impacta o valor do abono salarial PIS/Pasep e influencia o cálculo das contribuições previdenciárias de trabalhadores autônomos, MEIs, donas de casa de baixa renda e estudantes.

Pressão sobre a previdência. Entre todos os ministérios, o ministério da previdência social é o que possui a maior verba, R$ 1,03 trilhão no projeto de orçamento para 2025. Em julho de 2024, o INSS pagava 40,5 milhões de benefícios previdenciários e assistenciais e esse número só tende a crescer. Dessa forma, a adoção do valor ideal proposto pelo Dieese implicaria em uma profunda reestruturação da economia brasileira, como explica Beni.

Sempre que há um aumento no salário mínimo, ocorre também um aumento no valor mínimo da previdência. Dessa forma, enquanto o salário mínimo estiver vinculado à previdência, será sempre um problema aproximar o salário vigente de uma cesta mínima ideal.
Ricardo Rocha, professor de finanças do Insper

Possível aumento do custo de produção e da inflação. “Outro impedimento para um aumento tão expressivo do salário mínimo no curto prazo é o impacto sobre a capacidade das empresas em arcar com esse custo, principalmente para as pequenas e médias empresas que são responsáveis por empregar a maior parte dos trabalhadores que recebem salários mínimos”, explica Alex Nery, professor da FIA Business School. Para ele, isso poderia resultar em demissões e aumento da informalidade além do aumento no preço dos produtos acarretando numa maior inflação.

Matéria: UOL Economia

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