São Luís e Região

Goiás tem 2,57 médicos por mil habitantes e interior carece de atendimento

O cenário médico no estado de Goiás reflete uma realidade comum em várias regiões do Brasil: a disparidade na distribuição de profissionais da saúde, tanto em termos geográficos quanto em especialidades. Segundo dados da Demografia Médica no Brasil 2023, o estado de Goiás possuía em 2022 um total de 24.224 médicos registrados, o que representa uma taxa de 2,57 médicos por 1.000 habitantes.

Apesar do aumento na densidade médica, a distribuição desigual dos profissionais entre a capital, região metropolitana e o interior segue como um desafio. O Painel da Educação Médica coloca a disposição os dados desse profissionais.

Goiânia, a capital do estado, concentra 7.321 médicos, enquanto o interior conta com 16.903, mostrando uma concentração maior de médicos nas áreas urbanas, especialmente na capital. De acordo com o levantamento, a maior parte dos médicos em Goiás é especializada. Cerca de 58,3% dos profissionais são especialistas, o que indica uma alta qualificação, mas também revela o déficit em áreas estratégicas, como a Medicina de Família e Comunidade.

A especialidade de Medicina de Família e Comunidade, que tem um papel crucial na Atenção Primária à Saúde, é uma das mais carentes no país. No Brasil, há apenas 2.9 mil médicos dessa especialidade, representando 0,35% do total de profissionais. No estado de Goiás, esse número também é preocupante. A falta de médicos de família é um fator que contribui para a desorganização dos serviços de saúde e a sobrecarga de outros níveis de atendimento. Segundo a Sociedade Brasileira de Medicina de Família e Comunidade (SBMFC), essa ausência afeta diretamente a qualidade da assistência, principalmente no interior e em áreas rurais.

Em termos de formação, Goiás conta com 13 cursos de graduação em Medicina, que oferecem um total de 1.858 vagas. No entanto, apenas 13,1% dessas vagas são ofertadas em instituições públicas, o que pode restringir o acesso de estudantes de baixa renda à formação médica. Além disso, o estado dispõe de 40 programas de Residência Médica, somando 1.388 vagas, o que representa apenas 3,1% do total nacional.

A concentração de médicos em Goiânia segue uma tendência observada em todo o Brasil, onde os profissionais se fixam majoritariamente nas grandes cidades. Dados mostram que as capitais concentram 60% dos médicos do país, enquanto o interior tem uma taxa muito menor de profissionais por habitante. No caso de Goiás, essa desigualdade é visível na taxa de médicos por 1.000 habitantes, que, no interior, é muito inferior à registrada na capital.

Entre as especialidades mais comuns em Goiás e no Brasil, Clínica Médica lidera com 56.979 profissionais em todo o país. Em seguida, vêm Pediatria (48.654), Cirurgia Geral (41.547), Ginecologia e Obstetrícia (37.327) e Anestesiologia (29.358). Embora os dados exatos de Goiás não estejam detalhados por especialidade, é provável que essas áreas sigam as tendências nacionais.

A distribuição desigual de médicos também impacta a qualidade dos serviços oferecidos à população. Cada médico em Goiás realiza, em média, 1.121 consultas por ano, uma carga significativa que, em muitos casos, é ainda mais elevada em regiões onde há falta de profissionais. De acordo com o Painel da Educação Médica, o principal entrave para a fixação de médicos no interior do Brasil é a baixa remuneração e a exigência de carga horária semanal de 40 horas, fatores que também dificultam a contratação de profissionais no estado de Goiás.

Segundo a Confederação Nacional dos Municípios (CNM), muitos postos de trabalho na área da saúde permanecem ociosos, e em 55% dos municípios brasileiros há risco de desabilitação das equipes de atenção primária devido à ausência de médicos por mais de 90 dias. Esse quadro é similar em Goiás, especialmente nas regiões mais distantes dos grandes centros.

Apesar dos desafios, o Ministério da Saúde anunciou recentemente um pacote de medidas para mitigar a escassez de médicos, incluindo a oferta de 2,5 mil vagas anuais para Programas de Residência em Medicina de Família e Comunidade. Esse esforço tem o objetivo de aumentar o número de médicos especializados na atenção primária, área essencial para o bom funcionamento do sistema de saúde.

Em resumo, o cenário médico em Goiás é marcado por uma concentração de profissionais na capital e uma carência significativa no interior, especialmente nas regiões mais afastadas. O aumento no número de cursos de Medicina e programas de residência é um avanço, mas ainda há muito a ser feito para garantir uma distribuição mais equitativa dos médicos e melhorar o atendimento à população em todo o estado.

Fonte: Jornal Opção

Artigos relacionados

Botão Voltar ao topo