Tecnologia

Recepção fria ao PlayStation 5 Pro é sinal dos novos tempos na indústria de games

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Após uma série de vazamentos e boatos, a Sony finalmente anunciou no último dia 10 o PlayStation 5 Pro. Esperava-se que a revelação desta versão aprimorada do console, originalmente lançado em 2020, seria um grande marco para a indústria de games. No entanto, o que antes poderia ter mobilizado toda a comunidade gamer, teve uma recepção fria e quase protocolar, até mesmo entre os fãs mais fervorosos.

Muitos fatores contribuíram para a recepção morna. O próprio console pode ser culpado pela falta de entusiasmo na revelação deste novo produto. Com um preço sugerido de US$ 700, o novo modelo custa 40% a mais que o PlayStation 5 básico no lançamento.

Esse aumento significativo combinado com a decisão de não lançar uma versão do console com leitor óptico foram algumas das surpresas negativas que agiram como um verdadeiro balde de água fria nos entusiastas da marca.

Mas essas questões de hardware não são a única explicação para a falta de empolgação em torno do PlayStation 5 Pro. A recepção fria é sinal também de uma mudança mais profunda, gradual e silenciosa no que os jogadores e a própria indústria veem como o futuro do entretenimento eletrônico.

A busca por gráficos cada vez mais realistas, que por muito tempo foi o principal indicador de avanço nas gerações de consoles, parece não ser mais o foco principal, nem para os consumidores, nem para os desenvolvedores.

Se olharmos para a história dos videogames, notamos que o progresso tecnológico sempre andou lado a lado com o desenvolvimento gráfico. Basta analisar a evolução das séries de jogos mais populares ao longo das gerações de consoles. Um exemplo claro é a franquia “Super Mario Bros.”.

A diferença entre o jogo original, lançado para o NES em 1983, e seus sucessores para o Super Nintendo (1990) e Nintendo 64 (1996) é gigantesca. Já a partir da geração seguinte, com o GameCube (2001), Wii (2006) e Wii U (2012), embora os jogos tenham melhorado em outros aspectos, a evolução visual foi mais sutil, com muitos títulos da era Wii U parecendo quase indistinguíveis dos lançamentos atuais.

O mesmo padrão pode ser observado em jogos com uma estética mais fotorrealista, como aqueles desenvolvidos pela Sony para suas plataformas PlayStation. É simbólico, por exemplo, que na tentativa de mostrar a capacidade gráfica do PlayStation 5 Pro a Sony tenha mostrado imagens comparativas de títulos que chegaram a ser lançados para o PS4 —e que rodavam muito bem, obrigado, no console da geração passada.

Ainda mais significativo é o fato de que, no vídeo de apresentação técnica do PS5 Pro, foi preciso exibir os vídeos em câmera lenta ou pausar as imagens para que as diferenças se tornassem perceptíveis para o público.

Se servisse apenas para satisfazer o nicho de fãs entusiastas que se importam com a mais ínfima melhora visual ou com a taxa de quadros ligeiramente superior, talvez sua recepção fosse diferente. Contudo, o problema maior reside no que esse lançamento simboliza para a indústria como um todo.

A decisão da Sony de lançar uma versão “Pro” de seu console principal reflete um certo distanciamento das tendências emergentes da indústria de jogos. Em um cenário onde se busca cada vez mais um equilíbrio entre inovação tecnológica, acessibilidade e sustentabilidade financeira, focar apenas em gráficos ultrarrealistas pode não ser a melhor aposta.

Criar jogos com gráficos de última geração exige equipes maiores, mais horas de trabalho e recursos financeiros exorbitantes. O desenvolvimento de um jogo de grande porte, ou “AAA”, já demanda orçamentos que ultrapassam centenas de milhões de dólares.

A grande questão que paira sobre a indústria é: esses investimentos massivos em gráficos ultrarrealistas ainda resultam em retornos proporcionais? Para uma boa parte do setor, a resposta parece estar inclinada cada vez mais para o “não”.

Empresas como a Nintendo têm focado em experiências de jogabilidade inovadoras e mecânicas divertidas, e não necessariamente em gráficos de ponta. O sucesso do Nintendo Switch, um console que não tem nem de longe o poder gráfico do PlayStation 5 ou do Xbox Series X, é uma prova de que o público atual valoriza outros aspectos dos games.

O futuro dos jogos está mais relacionado a novas formas de interação e imersão do que à simples melhoria gráfica. Dessa forma, o PlayStation 5 Pro, com seu foco em gráficos ligeiramente melhores, pode ser visto como uma tentativa de manter uma estratégia tradicional em um mercado que já começa a olhar para outras direções.


Play

dica de game, novo ou antigo, para você testar

El Paso, Elsewhere

(PC, Xbox One/X/S, iOS)

Inspirado em jogos de ação como “Max Payne” e “Hotline Miami”, esse título da Strange Scaffold é garantia de horas de diversão. O shooter em terceira pessoa com mecânica “bullet time” conta com uma jogabilidade rápida e fases curtas, ideal para sessões breves de jogatina, ainda mais agora que o game foi lançado para dispositivos iOS. A nova versão conta com controles adaptados para os celulares, que deixa ainda mais prazeroso matar lobisomens, demônios e vampiros.

update

novidades, lançamentos, negócios e o que mais importa

  • A Nintendo e a Pokémon Company abriram um processo no Japão contra a Pocketpair, desenvolvedora do game “Palworld“. O título, que viralizou no começo do ano por ser uma espécie “Pokémon com armas”, é acusado de ter infringido patentes detidas pelas empresas japonesas.

  • A Square Enix afirmou que as vendas de “Final Fantasy 7 Rebirth” e “Final Fantasy 16” ficaram abaixo do esperado. A admissão foi feita pelo presidente da empresa, Takashi Kiryu, em reunião com investidores em maio. As declarações, porém, só foram disponibilizadas ao público agora, segundo o site Eurogamer.

  • A Eletronic Arts anunciou que está “quebrando com o modelo de sequências” para a série “The Sims”. A empresa está desenvolvendo um novo game da franquia, apelidado de “Projeto Rene”, mas diz que o novo título funcionará em paralelo a “The Sims 4” no que a empresa está chamando de “Universo The Sims”.

  • A empresa também revelou que fechou uma parceria com a Amazon para produção de um filme baseado em “The Sims”. O longa terá direção de Kate Herron (que trabalhou em séries como “Loki” e “Sex Education”). Ela assina também o roteiro com Briony Redman, com quem já trabalhou em um episódio de “Doctor Who”.

  • A FuturLab e a Square Enix anunciaram uma nova expansão paga baseada no personagem “Shrek” para o jogo “PowerWash Simulator”. O conteúdo adicional, com lançamento previsto para 10 de outubro, possibilitará que os jogadores limpem áreas famosas dos filmes como o pântano de Shrek, a cidade de Duloc e a fábrica de poções da Fada Madrinha.

download

games que serão lançados nos próximos dias e promoções que valem a pena

25.set

“Drive Rally” (PC, iOS)

“Monopoly” (PC, PS 4/5, Xbox One/X/S, Switch)

“Murder On Space Station 52” (PC)

26.set

“Balatro” (Android, iOS)

“Earth Defense Force: World Brothers 2” (PS 4/5, Switch)

“Golden Lap” (PC)

“Iron Meat” (PC, PS 4/5, Xbox One/X/S, Switch)

“Pineapple: A Bittersweet Revenge” (PC, Android, iOS)

“Shadows of Doubt” (PC, PS 5, Xbox X/S)

“The Legend of Zelda: Echoes of Wisdom” (Switch)

“The Nameless: Slay Dragon” (PC)

27.set

“EA Sports FC 25” (PC, PS 4/5, Xbox One/X/S, Switch)

“Looney Tunes: Wacky World of Sports” (PC, PS 4/5, Xbox One/X/S, Switch)

30.set

“Rogue Waters” (PC)

“Starfield: Shattered Space”* (PC, Xbox X/S)

1º.out

“Master Detective Archives: Rain Code Plus” (PC, PS 5, Xbox X/S)

“Throne and Liberty” (PC, PS 5, Xbox X/S, PC)

*Expansão

Folha de São Paulo

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