Saúde

Use o medo a seu favor e se antecipe ao perigo, ensina expert em segurança

Todos sabemos que há várias razões para nos preocuparmos com a nossa segurança. A questão é: em que momento devemos nos preocupar? Quando se trata de prever a violência, eu garanto que você já tem dentro de si tudo de que precisa: a sabedoria natural da nossa espécie, que é a expertise que mais importa.

A violência está presente em todas as culturas porque é inerente aos seres humanos, mas se apresenta de formas diferentes em cada região do mundo.

Este livro examina as peças do quebra-cabeça da violência sobretudo na sociedade americana. Embora grande parcela do comportamento humano seja comum a todos, alguns aspectos são específicos de cada cultura. Por exemplo, os Estados Unidos são um país com mais armas do que adultos e onde tiroteios são a principal causa de morte entre meninos adolescentes.

Embora a realidade do Brasil seja um pouco diferente dessa, há muito o que aprender com a experiência americana. Alguns dos perigos que enfrentamos são universais. Nestas páginas, mostro como esses riscos realmente se apresentam (pode não ser como você imagina) e ofereço estratégias para que você se sinta mais seguro – pelo menos a respeito da sua própria capacidade de prever comportamentos violentos.

Você vai ser capaz de distinguir sinais de alerta reais dos infundados. Meu desejo é que, à medida que se tornar mais familiarizado com o risco, você também consiga se preocupar menos com ele.

A virtude do medo

Observação: antes de se tornar comum em outros países, a internet já era amplamente utilizada nos Estados Unidos. Alguns predadores usam esse meio para se comunicar com possíveis vítimas, mas de forma alguma é sua principal via de contato. Com a mesma frequência, o telefone fixo, o celular e as mensagens de texto são usados para marcar encontros indesejados.

O importante não é o método de comunicação, mas o conteúdo da mensagem. E o seu objetivo deve ser nunca estar na presença de alguém que possa lhe fazer mal. Este livro explora as estratégias que predadores usam quando estão se comunicando com suas vítimas, e esses artifícios são os mesmos, não importando se são via internet, e-mail, mensagens de texto, redes sociais, telefone ou cara a cara.

(…)

A natureza gerou sistemas de defesa incríveis, da carapaça que protege a tartaruga à colmeia que reage a intrusos com uma coordenação obstinada, cada abelha disposta a tudo para proteger a rainha. Assim como os animais da natureza, você também tem um sistema de defesa incrível.

Você é o modelo mais moderno de ser humano, o resultado de séculos de pesquisas e avanços que fazem o computador mais fantástico parecer um ábaco. O investimento que a natureza fez em você foi grandioso demais para que o deixasse indefeso, e, embora nós, humanos, não tenhamos as garras mais afiadas nem a mandíbula mais forte, temos o cérebro maior.

Você tem mais neurônios do que o número de grãos de areia da sua praia preferida e também tem perspicácia, destreza e criatividade – uma combinação poderosa quando se está em perigo – quando escuta sua intuição.

No entanto, por mais evoluído que um sistema de defesa seja, as presas ainda são pegas de surpresa, e por mais sofisticados que sejam os recursos do predador, eles também falham com alguma frequência. O que fazer para levar a melhor nessas interações perigosas? O primeiro passo é ser o lado mais bem informado.

Quando vistos como uma competição entre predador e presa, alguns ataques humanos têm muito em comum com os embates que vemos na natureza selvagem: a surpresa, o movimento repentino, a explosão de energia hostil, as tentativas de resistência, o desejo de fuga.

Se um animal capturado por um predador pudesse falar depois do ataque, provavelmente diria: “Tudo aconteceu muito rápido, não tive tempo de fazer nada.”

Mas com os seres humanos geralmente há tempo, bastante tempo, e muitos avisos. Ao descrever exatamente quais são os sinais de alerta, espero que eles reconectem você com as defesas incríveis que são parte da sua natureza.

* Gavin de Becker é especialista em segurança e gestão de risco, tendo sido consultor do governo americano e de diversos casos jurídicos. É autor de A Virtude do Medo, lançado pela editora Sextante

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