Economia

Fora de si, Biden fala de ataque ao petróleo do Irã e provoca tumulto no mercado e nos preços

Com frequência, Joe Biden relembra para todo mundo os motivos de não ser mais candidato a reeleição. Em alguns segundos, o presidente dos Estados Unidos pode causar tumulto no mundo inteiro, como o fez na manhã desta quinta-feira, jogando fogo no ventilador do mercado de petróleo e criando riscos até para a candidatura de sua vice, Kamala Harris. Biden está fora de si, faz tempo.

“O senhor apoiaria um ataque de Israel à infraestrutura de petróleo do Irã”, perguntou uma repórter a Biden, que saía da Casa Branca a fim de embarcar no helicóptero presidencial. Biden: “Estamos discutindo isso. Acho que seria um pouco… enfim…” e termina a resposta. Pouco depois, diria que “nada vai acontecer hoje, vamos falar sobre isso mais tarde [quinta]”.

O preço do petróleo começou a subir mais. Deu um salto para quase US$ 78. Sobe desde que o Irã atirou mísseis em Israel. Até quarta, porém, o barril do tipo Brent ainda custava menos do que na quinta-feira passada (US$ 74,50). Custa ainda bem menos do que faz quase um ano, quando os terroristas do Hamas massacraram israelenses. Então, o barril foi a US$ 79, de imediato. Mas não passou de US$ 84 naquele outubro de 2023.

Biden disse coisa de tamanha gravidade em uma dessas rápidas entrevistas coletivas tumultuadas, “quebra-queixo”, como se diz no jargão jornalístico, quando repórteres quase cercam o entrevistado. Saía para uma viagem à Flórida e à Geórgia, estados que sofreram com o furacão Helene.

O preço do barril ainda está nos níveis mais baixos em quase três anos. Há sobra de capacidade de produção de petróleo, estimada em 6 milhões de barris por dia (para um consumo mundial próximo de 100 milhões de barris por dia). Mesmo que a produção petroleira do Irã fosse à breca, cortando parte do suprimento de países como a China, haveria como arrumar mais petróleo.

Mas, como é fácil perceber, um ataque à infraestrutura de petróleo do Irã animaria a percepção de que ainda mais desgraça poderia acontecer na região. Por exemplo, confusão no estreito de Ormuz, por onde escoa parte importante da produção do Irã e dos árabes petrolíferos. Isso seria um grande desastre.

Em abril deste ano, quando o Irã lançou aquela revoada também inócua de drones sobre Israel, analistas do mercado de petróleo especulavam que o preço do barril poderia passar de US$ 90 ou mesmo US$ 100 com o espalhamento da guerra pelo Oriente Médio _talvez US$ 90 o barril fosse a média do segundo trimestre.

A guerra se espalhou. O preço do petróleo caiu. Economia mundial mais lenta, China em particular, e aumento da oferta de petróleo fora da Opep, das Américas, contribuíram para o excesso relativo de oferta (além do mais, alguns países da Opep não estão cumprindo suas cotas de redução de produção). Os analistas de petróleo erraram, mais uma vez, a projeção de preços.

No entanto, o risco de interdição do escoamento do petróleo dos países do Golfo vai dar problema grande.

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Folha de São Paulo

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