Saúde

Custo de transplantes para o SUS envolve transporte dos órgãos, internações e cirurgias

Uma medula óssea, R$ 71 mil. Um fígado, R$ 68 mil. Um pulmão, R$ 64 mil. Os três órgãos estão entre os maiores investimentos do SUS (Sistema Único de Saúde) para cada transplante custeado pelo sistema público no país.

Os valores variam de acordo com a idade do receptor, se o órgão veio de um doador vivo ou morto ou se mais de um órgão será transplantado. Tudo isso impacta na complexidade das cirurgias, segundo o Ministério da Saúde.

A doação de um pulmão, por exemplo, custa, em média, R$ 44 mil para o SUS. Já o transplante de dois pulmões eleva os custos hospitalares para uma média de R$ 64 mil. Um rim de um doador falecido, R$ 27 mil em média, enquanto o rim de um doador vivo custa, em média, R$ 21 mil.

Entre janeiro de 2023 a junho de 2024, o Ministério da Saúde afirma ter gastado R$ 96 milhões com cirurgias de transplantes de órgãos, totalizando 14.352 procedimentos no período.

Segundo Luciana Haddad, presidente da ABTO (Associação Brasileiro de Transplante de Órgãos), o SUS mantém uma tabela de valores, mas os libera de acordo com cada caso. Os hospitais são ressarcidos pelo sistema público para arcar com os transplantes, diz.

“O custo é muito variável e depende de quantos dias o paciente ficou na terapia intensiva e de quantos órgãos foram retirados, por exemplo”, afirma Haddad.

A medula óssea, procedimento mais custoso ao SUS, é responsável pela produção de componentes do sangue, como hemácias, leucócitos e plaquetas. O transplante é indicado contra doenças que afetam células sanguíneas, como leucemias, linfomas, mielomas, tumores e mielodisplasias. Entre crianças, também atua contra doenças graves, como anemia falciforme.

O procedimento, quando feito entre pessoas sem parentesco, é o mais custoso ao SUS (R$ 71 mil). O doador é sedado enquanto agulhas aspiram a medula dos ossos na região da bacia.

Já o receptor a recebe como se fosse uma transfusão de sangue. As novas células se desenvolvem na corrente sanguínea até se alojarem na medula do receptor.

Segundo o Ministério da Saúde, além da cirurgia, o receptor da nova medula óssea recebe drogas quimioterápicas, aumentando os riscos de infecção.

No pós-transplante, também recebe acompanhamento contra a chamada doença do enxerto contra hospedeiro, quando o corpo interpreta que a nova medula é um ser estranho ao organismo, causando infecções que podem levar à morte. O tratamento é feito com medicamentos como imunossupressores.

O investimento hospitalar é só uma parte da matemática do transplante de órgãos no país. Ainda é preciso organizar a logística para levar os órgãos aos cerca de 64 mil adultos e 1.200 crianças que, até junho, esperavam um novo órgão no Brasil, segundo dados da ABTO.

O Ministério da Saúde afirma ter destinado, em 2023, R$ 12 milhões para custear o transporte de órgãos pela FAB (Força Aérea Brasileira). Para 2024, a previsão é que R$ 18 milhões sejam investidos até o fim do ano. A FAB afirma reservar aeronaves 24 horas para atender às solicitações da Saúde e que, desde 2016, transportou 2.137 órgãos em 1.904 missões.

A Secretaria da Saúde do Estado de São Paulo também afirma ter criado um programa que aciona proprietários de jatos e helicópteros privados a fazerem voos voluntários para o transporte de órgãos. Segundo a pasta, as viagens não terão custos para os cofres públicos.

“Essas aeronaves são mais ágeis que os voos comerciais, o que é crucial para o transporte de órgãos como coração e pulmão, que precisam ser transplantados em até quatro horas, e o fígado, em até 12 horas após a captação”, diz a pasta em nota.

Informação

Folha de São Paulo

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