Economia

Baixa rentabilidade e inadimplência alta justificam fuga da poupança

Caderneta só teve resultado positivo de depósitos em 12 dos últimos 42 meses, mostra Banco Central. No período, o volume de aplicações superou por mais de dois meses consecutivos apenas uma vez, entre abril e julho de 2021. A sequência limitou a perda total da poupança naquele ano para R$ 35,5 bilhões. Em 2022 e 2023, as captações líquidas foram negativam em, respectivamente, R$ 103,2 bilhões e R$ 87,8 bilhões.

Liberação do Auxílio Emergencial durante a pandemia ajuda a explicar o movimento. No ano de 2020, o benefício distribuído para as famílias de baixa renda em meio ao distanciamento social era depositado em contas-poupança, impulsionando o desempenho da aplicação. “Houve um grande fluxo de capital por parte do governo, que distribuiu dinheiro de forma muito concentrada. As sobras ficaram canalizadas, principalmente, na poupança”, declara Marcelo Guterman, especialista de investimentos da Western Asset.

Com perda de R$ 33,6 bilhões, janeiro de 2023 é o pior mês de toda a série, iniciada em 1995. O movimento é reflexo da sazonalidade da aplicação, que conta com a entrada de recursos em todos os meses de dezembro devido ao pagamento do 13º salário. Para a maioria dos trabalhadores, a remuneração extra é depositada em uma conta-poupança.

Os saques recordes em janeiro estão associados aos altos gastos desse período, incluindo impostos como IPVA e IPTU, matrículas escolares, compra de material escolar e despesas de férias.
Reinaldo Domingos, presidente da DSOP Educação Financeira

Sequência de resultados negativos resulta na queda de 2,3% do saldo final das cadernetas. O volume, que permaneceu acima de R$ 1 trilhão entre setembro de 2020 e julho de 2022, voltou a superar a marca com a entrada de R$ 12,8 bilhões no mês de junho (R$ 1,011 trilhão). Ainda assim, o valor segue abaixo do recorde de R$ 1,035 trilhão alcançado em dezembro de 2020.

Baixa rentabilidade

A fuga da poupança é associada ao baixo retorno da aplicação. Com a taxa básica de juros fixada acima de 8,5% ao ano desde dezembro de 2021, a caderneta rende 0,5% ao mês + TR (Taxa Referencial). A norma faz com que a aplicação tenha um rendimento na faixa de 7% ao ano, patamar inferior à rentabilidade de opções que oferecem igual segurança e a possibilidade de resgate a qualquer momento.

Matéria: UOL Economia

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