Saúde

Chá de mulungu não é recomendado para todos

Posts no TikTok com milhões de visualizações desinformam ao dizer que o chá de mulungu, uma bebida fitoterápica, seria uma solução contra a insônia. Em um deles, o autor diz que “é o Rivotril natural e é excelente”, referindo-se ao tranquilizante tarja preta usado para tratar a ansiedade. Em outro, a pessoa afirma que certa quantidade do produto combinado com outra planta resolve a falta de sono, fazendo a pessoa “desmaiar”.

Há mais de 488 mil menções à hashtag “chademulungu” na rede, e parte deles expõe o público com insônia a riscos de saúde. Os desinformados acabam experimentando a bebida, feita com a casca do caule da planta mulungu, sem saber das contraindicações da Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária).

Segundo o órgão informou à Folha, grávidas, lactantes e menores de 18 anos devem evitar o consumo do chá por “falta de dados adequados que comprovem a segurança nessas situações”. O consumo também não deve ser feito por pessoas com insuficiência cardíaca e arritmia e por quem apresentou algum tipo de hipersensibilidade à planta.

A Anvisa também informou que “nenhuma marca está autorizada a produzir industrialmente chá de mulungu e divulgá-lo com indicações terapêuticas”. Apenas farmácias de manipulação e farmácias vivas, aquelas ligadas ao SUS (Sistema Único de Saúde) que fazem medicamentos fitoterápicos, estão autorizadas a produzir o chá de mulungu para terceiros.

Para a neurologista Dalva Poyares, do Instituto do Sono em São Paulo, é preciso ter cuidado com o consumo da planta. Ela aponta que o mulungu tem potencial ansiolítico e pode ser recomendado para quadros leves de ansiedade, mas nem tudo sobre o vegetal foi revelado até o momento, em especial a sua relação com comorbidades.

“Imaginemos uma pessoa que toma regularmente algum remédio. Ela faz um chá com uma porção de plantas e, sem saber, coloca uma série de princípios ativos no chá que podem atrapalhar o tratamento, ou piorá-lo”, disse Poyares.

A indicação mais segura para quem tem insônia, de acordo com a médica, é procurar médicos da atenção primária, como aqueles da Unidade Básica de Saúde —os populares postinhos.

O distúrbio da insônia pode atingir cerca de 22% da população mundial, segundo a Associação Brasileira do Sono, e, como explica Poyares, é caracterizado por “dificuldade de começar e ou manter o sono durante três dias da semana por no mínimo três meses”.

Estresse, ansiedade, depressão e até mesmo a falta de sono, ou insônia primária, podem estar na origem do problema. Por isso, além de perigoso, tomar chá de mulungu sem orientação médica pode mascarar esses problemas.

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Informação

Folha de São Paulo

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