Economia

José Paulo Kupfer: Recordes da Bolsa mostram que, para o mercado, comunicação é quase tudo

Se, em setembro, o Fed cortar juros e o Copom elevar a taxa básica, os vetores para atrair investidores internacionais ganham ainda mais potencial. É típico do comportamento dos aplicadores internacionais sair do mercado americano, em busca de ganhos maiores e aceitando mais riscos, em outros mercados, nos momentos em que os juros americanos entram num ciclo de cortes.

Para entender as altas recordes do momento não se pode esquecer que investidores estrangeiros respondem por mais da metade do movimento diário da Bolsa brasileira. Também é bom lembrar que a saída de recursos externos dos pregões no começo do ano passa agora por uma reversão positiva. No primeiro semestre de 2024, a fuga de recursos externos acumulou volume de quase R$ 40 bilhões. Já entre julho e meados de agosto, o aporte de dinheiro externo na Bolsa somou R$ 11 bilhões. Sinais são de que a direção do fluxo de capitais externo mudou de direção, em favor de ativos brasileiros.

Bons ventos são sustentáveis?

Em relação à sustentação das altas, o fato de que parte da explicação para o movimento de subida do Ibovespa possa vir de expectativas, alimentadas por um ajuste na comunicação do governo, faz com que se fique com um pé atrás sobre a durabilidade da escalada. Bastou, por exemplo, uma menção de Campos Neto, numa entrevista nesta terça-feira, à possibilidade de não ser decidida uma alta dos juros básicos na próxima reunião do Copom (Comitê de Política Monetária), em setembro, para interromper, temporariamente, a trajetória de queda da cotação do dólar.

Há, porém, elementos mais estruturais dentro do processo, o que permite admitir que os ativos podem passar por ajustes, mas sem retornar aos vales dos primeiros meses do ano.

Fernando Honorato Barbosa, economista-chefe do Bradesco, que ressalva não ser especialista em Bolsa, mas é um experiente observador da dinâmica da atividade econômica, vê a economia brasileira num momento favorável.

“Se não fossem as turbulências produzidas na comunicação do governo com o mercado, que alimentaram o temor de que a política econômica estivesse em desequilíbrio, o dólar estaria mais baixo, e a situação melhor da economia ficaria evidente mais cedo”. Fernando Honorato Barbosa, economista-chefe do Bradesco.

É o que pode estar ocorrendo nos primeiros meses deste segundo semestre de 2024.

Matéria: UOL Economia

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