Marina Helena cita semelhanças com Marçal, mas nega relação, e fala em educação sexual sem ativismo
Marina Helena (Novo) afirmou em sabatina realizada por Folha e UOL, nesta quarta-feira (18), que tem alguns pontos de semelhança com Pablo Marçal (PRTB), mas ressaltou agir de modo diferente do autodenominado ex-coach.
“Vocês o tempo inteiro tentam me colocar ao lado do Pablo Marçal. Os dois realmente vêm de fora do sistema, não têm um passado na política, os dois falam abertamente contra a esquerda, e nos posicionamos na direita, isso nós temos em comum. A forma como nós agimos não é a mesma, e eu não tenho nenhum relacionamento com ele”, disse ela na entrevista.
“A única coisa que eu vejo no Pablo é ele muitas vezes dizendo que eu sou a pessoa mais preparada para administrar a cidade de São Paulo”, completou.
Pouco antes, Marina Helena havia defendido que José Luiz Datena (PSDB) se retire da eleição após ter dado uma cadeirada em Marçal durante o debate do domingo (15).
Questionada sobre se avaliava que Marçal também teria que deixar a corrida por causa de seu comportamento provocativo, a candidata afirmou que “não pode colocar na mesma régua um ataque verbal e um ataque físico”.
Marina disse ainda que, por ser de direita, jamais votaria em Guilherme Boulos (PSOL) e Tabata. Questionada sobre considerar Ricardo Nunes (MDB) de direita, ela respondeu que o prefeito “é um centão, mas está à direita” dos candidatos da esquerda.
Ela ainda deu sua opinião sobre eventuais segundos turnos. “Se for Nunes e Boulos, não tenho dúvida [de escolher Nunes”, disse. Agora, entre Nunes e Marçal, evitou se posicionar: “aí é uma cena para os próximos capítulos”.
Ela defendeu propostas como educação sexual nas escolas, desde que sem o que considera ativismo LGBT; regularização fundiária na periferia; redução da tarifa de ônibus fora do horário de pico; e transparência total em relação aos contratos da prefeitura.
Mas, apesar de militar pela transparência e acesso a dados, não forneceu detalhes sobre a acusação feita por ela, no debate desta terça-feira (17), de que Tabata Amaral (PSB) utilizou jatinhos particulares para visitar seu namorado, o prefeito do Recife, João Campos (PSB). A deputada afirma nunca ter feito essas viagens.
Questionada pelos jornalistas, Marina Helena afirmou que teve a informação detalhada por três fontes, mas não respondeu, por exemplo, quais seriam as datas desses voos. “O tempo vai dizer quem é que está com a razão”, disse.
“Se eu não tivesse recebido informações de fontes confiáveis, eu não teria falado o que eu falei. […] Ela [Tabata] tem uma chance grande de mostrar isso, que é mostrar os tíquetes de voos de ida e volta para Brasília”, insistiu Marina Helena, apesar da pontuação dos mediadores de que o ônus da prova é de quem acusa.
Marina Helena afirmou ainda que considerou errado a Prefeitura de São Paulo retirar do ar os vídeos do canal no YouTube Saúde para Todes, com informações e serviços destinados à população transgênero.
“Esse protocolo trata de adultos também. Eu acho que a prefeitura fez errado em retirar ele todo do ar, agora eles precisavam revisar a parte que falam sobre crianças a partir de 8, 9 anos de idade”, disse Marina.
A retirada dos vídeos aconteceu a partir de uma crítica dela ao programa durante debate realizado no mês passado, e Marina foi questionada sobre o prejuízo que a falta dessas informações poderia trazer para a população LGBTQIA+.
No debate, Marina Helena afirmou que o programa Saúde para Todes falava de ideologia de gênero e que a prefeitura incentivava o bloqueio hormonal em crianças trans, o que Nunes negou.
Na sabatina desta quarta, Marina disse não ter “nada contra a orientação sexual” de cada pessoa ou a população trans, mas que “não é papel da prefeitura estimular tratamento para crianças a partir de 8 anos de idade”.
O programa da prefeitura traz diretrizes e orientações para a população trans. Dentro do protocolo, é apresentada a possibilidade de bloqueio hormonal, nos casos necessários, a partir dos 10 anos de idade.
Ainda em relação a esse tema, a candidata disse que não é contra a educação sexual dentro da escola desde que siga cartilhas já existentes.
Ela relembrou a violência da qual foi vítima aos 13 anos e enfatizou que o colégio, hospitais e conselheiros tutelares são essenciais para identificar crianças que sofrem abusos.
“A educação sexual acontece, mas tem que ter uma maneira para fazer isso. Na reforma do Ensino Médio a gente viu discussão sobre educar os adolescentes sobre o que é ativismo LGBT. […] Uma coisa é educação sexual, outra é ativismo ideológico”, disse.
Marina afirmou ainda que a prioridade das escolas deveria ser ensinar a ler e escrever e que, a partir disso, “tudo pode ser ensinado de maneira melhor”.
Marina Helena afirmou que sua principal proposta na área de zeladoria e urbanismo é a regularização fundiária na periferia. “Isso é importante para desenvolver essas regiões. O que eu estou trazendo aqui não é um sonho, mas a prática do que deu certo”, disse a candidata, se referindo à distribuição de títulos pela Prefeitura de Joinville, administrada pelo Novo.
Ela também foi questionada sobre a proposta “Bairro no Capricho”, que dá um desconto no IPTU para que moradores e comerciantes se organizem para administrar e melhorar a zeladoria na sua região.
“É um desconto, mas eles têm que comprovar o que está sendo feito nesse dinheiro. Eu acho que o setor público muitas vezes é incompetente, custa mais caro, e o cidadão muitas vezes consegue fazer”, disse Marina Helena.
Em relação à moradia, Marina Helena prometeu dobrar o aluguel social, que é de R$ 400. Segundo ela, programas sociais como Minha Casa, Minha Vida acabaram expulsando a população do centro ao concentrar os empreendimentos na periferia.
A mediação das entrevistas foi de Fabíola Cidral, ao lado dos jornalistas Raquel Landim, do UOL, e Fábio Haddad, editor de Cotidiano da Folha.
Além de Marina, outros postulantes foram convidados. A Folha e o UOL têm feito uma série de sabatinas com candidatos de todo o país. O ciclo de entrevistas foi iniciado em 10 de junho com os postulantes de Belo Horizonte e está sendo feito também em outras 17 cidades.
Além disso, Folha e UOL promoverão um debate com os principais candidatos à Prefeitura de São Paulo. O encontro no primeiro turno será em 30 de setembro, às 10h. Caso haja segundo turno, haverá outro em 21 de outubro, também às 10h.
Folha de São Paulo