Política

Marqueteiro de Nunes agredido por assessor de Marçal foi citado em relatório da CPI do 8 de janeiro

O marqueteiro Duda Lima, que integra a campanha de Ricardo Nunes (MDB) à Prefeitura de São Paulo e foi agredido por um assessor da Pablo Marçal (PRTB) na noite de segunda-feira (23), teve o seu nome citado nove vezes no relatório final da CPI do 8 de janeiro.

O programador Walter Delgatti Neto, conhecido como hacker da Vaza Jato, afirmou que o publicitário foi uma das pessoas que discutiram um plano para descredibilizar as urnas eletrônicas nas eleições de 2022. À época, Duda coordenava a propaganda eleitoral do então candidato à reeleição Jair Bolsonaro (PL).

Delgatti afirmou à CPI que foi procurado pela deputada Carla Zambelli (PL-SP) para se reunir com o presidente do PL, Valdemar Costa Neto, com Duda e com o próprio Bolsonaro. O publicitário nega.

O plano, segundo o hacker, era gravar um vídeo mostrando que as urnas não eram confiáveis. Delgatti acessaria uma urna que seria emprestada pela OAB (Ordem dos Advogados do Brasil), usaria um aplicativo feito por ele e mostraria à população que seria possível apertar o número de um candidato e aparecer outro em seu lugar.

“Questionado sobre quem o convidou para fazer propaganda eleitoral para sugerir ao povo uma suposta fraude no sistema eleitoral, [Delgatti] respondeu que foi o marqueteiro Duda e o ex-presidente Jair Bolsonaro”, diz o relatório da comissão parlamentar.

O vídeo relatando a suposta fraude e que teria o hacker como garoto propaganda seria exibido em 7 de setembro de 2022, de acordo com Delgatti.

Em nota publicada após o depoimento vir a público, Duda disse que jamais participou de qualquer encontro com Delgatti.

“Se eu tiver um sósia, preciso conhecer. Nunca participei de reunião com Carla Zambelli e esse rapaz, nem com Valdemar. Encontrei com esse rapaz na escada do partido, não sabia quem ele era e nem quem estava com ele”, afirmou. “Quando ele me disse quem ele era, desconversei, ‘pulei fora'”, completou.

Duda chegou a ser alvo de dois requerimentos apresentados no âmbito da CPI, um solicitando a quebra de seus sigilos telemático e telefônico e outro convocando-o a prestar depoimento, mas as demandas não prosperaram.

O publicitário foi uma indicação de Valdemar Costa Neto a Nunes na disputa pela reeleição. Além da campanha de Bolsonaro, o marqueteiro trabalhou para o partido em candidaturas do interior de São Paulo.

A agência de Duda, a F.A.R.O Publicidade e Marketing, já recebeu R$ 4 milhões da campanha de Nunes, segundo dados do portal de transparência do TSE (Tribunal Superior Eleitoral). A empresa, até agora, é a que mais recebeu repasses do emedebista.

Na noite de segunda-feira, durante debate entre candidatos realizado pelo canal de YouTube Flow, Duda foi atingido no rosto por um soco desferido por Nahuel Medina, assessor que grava vídeos para Pablo Marçal, após o influenciador ser expulso do evento.

Duda deixou o local sangrando e recebeu pontos no rosto ao ser atendido no Hospital Israelita Albert Einstein. Segundo a Secretaria da Segurança Pública de São Paulo, ele pediu à polícia medidas de proteção contra o assessor de Marçal.

com BIANKA VIEIRA, KARINA MATIAS e MANOELLA SMITH

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Folha de São Paulo

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