‘Mulher não vota em mulher’; ‘provei maconha uma vez’; salmo 133; veja frases do debate Folha/UOL
O debate entre candidatos à Prefeitura de São Paulo realizado nesta segunda-feira (30) pela Folha/UOL, foi marcado por ataques direcionados aos líderes das pesquisas eleitorais, Ricardo Nunes (MDB) e Guilherme Boulos (PSOL).
O formato favoreceu o confronto direto entre os candidatos. Tabata Amaral (PSB) chegou a reclamar por ter sido deixada de lado pelos outros participantes e criticou Pablo Marçal (PRTB) pelos ataques proferidos a Boulos e Nunes.
“A mulher no debate é a adulta na sala, justamente a mulher está aqui falando de proposta e batendo de cara com cada um dos marmanjos, que não conseguem responder minhas perguntas e não conseguem endereçar perguntas para mim”, disse Tabata.
Em terceiro lugar no Datafolha, com 21% das intenções de voto, Marçal apostou em trazer à tona temas como o boletim de ocorrência registrado pela esposa de Nunes por violência doméstica e voltou a insinuar, sem evidências, o uso de drogas por Boulos.
Confira as principais frases do encontro.
No primeiro bloco do debate, Nunes disse que tem “humildade” para assumir erros e que se arrepende de ter defendido o passaporte da vacina durante a pandemia de Covid-19.
É só uma questão de ter humildade e aprender com as situações. A única questão é que hoje eu vejo que não existe sentido você ter que usar um passaporte para entrar num restaurante
Boulos foi questionado pelo autodenominado ex-coach sobre os motivos pelos quais foi internado no Hospital do Servidor. O candidato do Psol então tornou público um episódio de depressão.
Quando ele cita o Hospital do Servidor, ele está se referindo a um período quando, com 19 anos, eu enfrentei uma depressão crônica. Nunca disse isso publicamente, porque não cabe, e fiquei alguns dias no Hospital do Servidor
Marçal pediu para que Boulos esclarecesse se alguma vez fez uso de substâncias ilícitas na vida.
Nunca usei cocaína, para que fique muito claro. Não uso drogas. E já que ele quer saber: não uso drogas. E já que ele quer saber, para que fique claro: maconha eu provei uma vez na adolescência, me deu uma dor de cabeça danada, e nunca mais
Marçal disse que Tabata era a mais inteligente na eleição e chegou a convidá-la para ser secretária de Educação se eleito.
Se ela deixar esse esquerdismo e esse partido [em] que ela está, é convidada para ser secretária de Educação, porque ela é brilhante na educação
Ricardo Nunes e Pablo Marçal protagonizaram vários momentos de discussão. O empresário pediu para que o prefeito provasse sua devoção religiosa citando um salmo da Bíblia.
Fica usando o Tarcísio [de Freitas, governador de SP] com os grandes pastores que usam dinheiro do financiamento de publicidade que você tem usado. A Bíblia tem mais de 30 mil versículos, ele não consegue citar nem dois aqui
Nunes, por sua vez, rebateu Marçal com trecho de um versículo.
Diz o Salmo 133 quão bom e quão suave é que os irmãos vivam em união. Você só veio para tumultuar, Pablo Henrique
Por sua vez, Tabata pediu a palavra e sinalizou que apesar de ser “cria da igreja”, não usaria a relação com Deus para “ganhar votos”.
A igreja salvou minha vida, mas eu não vou ficar usando a relação com Deus para ganhar voto. É isso que é atitude de um verdadeiro cristão
Marçal usou frase machista ao afirmar que Tabata usa o fato de ser mulher para tentar ganhar o voto feminino.
Tabata, se mulher votasse em mulher, você ia ganhar no primeiro turno. A mulher não vota em mulher, mulher é inteligente. Se fosse isso, pobre votaria em pobre. Negro iria votar em negro
Boulos provocou Nunes ao rebater crítica de que ele não geriria um carrinho de cachorro-quente.
Outro dia você declarou: ‘o Boulos não tem experiência, não geriria nem um carrinho de cachorro-quente’. Eu fico imaginando um carrinho de cachorro-quente gerido por você, o cachorro-quente iria custar uns R$ 300, porque a salsicha seria superfaturada como as obras emergenciais
No último bloco, Marçal usou o tempo que lhe restava para questionar várias vezes Nunes sobre a situação envolvendo a esposa.
A pergunta é: por que a sua esposa registrou boletim de ocorrência por violência doméstica? Segundo, por que você nega essa operação da Polícia Federal em curso em relação a você e familiares terem recebido dinheiro da máfia das merendas e mais de cem pessoas serem indiciadas?
Nunes rebateu chamando o empresário de “golpista”.
Ele é acostumado a dar golpe. Não vou cair no seu golpe. Você deu golpe nos velhinhos ainda adolescente. Deu golpe nas pessoas da África, humildes. Não faz isso não, cara
Folha de São Paulo
