Política

Nunes nega ter demitido funcionários sem vacina, mas se orgulhava de exonerações em 2021

Ricardo Nunes (MDB) passou a negar que tenha demitido funcionários da Prefeitura de São Paulo que não tomaram vacina contra a Covid-19, medida que se orgulhava de ter implementado em 2021.

Em entrevista na segunda-feira (16), o influenciador bolsonarista Paulo Figueiredo mostrou a Nunes um vídeo em que ele destacava as ações da prefeitura no combate à pandemia.

“Fui o primeiro prefeito que fez a obrigatoriedade do passaporte da vacina para os eventos, fui o prefeito que exigiu que para entrar no prédio da prefeitura tem que ter o passaporte, fui o prefeito que exonerou as pessoas que não tomaram vacinas, porque eu confio na vacina, na vida e confio na proteção da minha vida e da vida das pessoas”, disse o emedebista à rádio Bandeirantes.

Nunes então disse a Figueiredo que gostaria de se corrigir.

“Eu não demiti ninguém. Não teve ninguém que foi demitido na minha gestão. Momento difícil, faz cinco anos [da pandemia], a gente vai aprendendo, a minha posição hoje é muito clara em relação a não ter obrigatoriedade da vacina”, disse.

Em outubro de 2021, no entanto, a Prefeitura de São Paulo divulgou nota em que dizia que três funcionários comissionados haviam sido demitidos, sob determinação de Nunes, por descumprimento de decreto que obrigava funcionários públicos municipais a apresentarem comprovante de vacinação contra a Covid-19.

No mês seguinte, Nunes se contrapôs publicamente a uma portaria do governo Jair Bolsonaro (PL) que proibia a demissão de funcionários sem comprovante de imunização.

Na ocasião, o prefeito definiu a portaria como “deselegante e chata”, pois “está todo mundo numa linha de defender a vida, valorizar a vacina e vem uma portaria no sentido contrário”.

“A prefeitura não vai recuar e vai manter as exonerações. Agora entrou numa nova fase que são as empresas e autarquias. A Controladoria-Geral do Município está terminando o estudo e havendo pessoas não vacinadas, irei exonerar”, afirmou o prefeito em novembro, que disse que só voltaria atrás caso houvesse determinação da Justiça.

“Decisão judicial se cumpre. Caso contrário, a prefeitura vai manter as pessoas demitidas e fortalecer a campanha para que as pessoas sejam vacinadas. O que vai fazer a gente reverter vai ser essas pessoas se vacinarem e apresentarem o cartão”, afirmou.

Em nota, a campanha do prefeito diz que “nenhum funcionário da Prefeitura foi demitido por não tomar vacina contra Covid-19” e que os três casos citados “são de comissionados que foram exonerados pelos superiores diretos por outros motivos”.

“A Prefeitura de São Paulo tem mais de 136 mil funcionários. Sobre o decreto, assinado à época, reitero que medidas foram tomadas de acordo com as circunstâncias de momento e que o próprio tempo se encarregou de invalidar”, completa.

O Painel perguntou à Prefeitura de São Paulo sobre a demissão dos três funcionários comissionados. Em resposta, a gestão municipal disse que “não há registro de demissão de servidores concursados em razão do decreto mencionado”, mas não falou dos casos dos comissionados.

A coluna então enfatizou mais uma vez que a pergunta era sobre os comissionados e pediu posicionamento específico sobre a situação deles, mas não teve resposta.

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Folha de São Paulo

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