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OpenAI pede aos investidores que não apoiem startups rivais, como a xAI de Elon Musk

A OpenAI pediu aos investidores que evitem apoiar startups rivais, como a Anthropic e a xAI de Elon Musk, enquanto garantiu US$ 6,6 bilhões (cerca de R$ 35,9 bi) em novos financiamentos e busca afastar desafiantes de sua liderança inicial em IA (inteligência artificial) generativa.

O grupo liderado pelo CEO Sam Altman, anunciou nesta quarta-feira (2) que concluiu sua última captação de recursos avaliada em US$ 150 bilhões (R$ 816,4 bi), a mais alta avaliação na história do Vale do Silício.

Durante as negociações, a empresa deixou claro que esperava um acordo de financiamento exclusivo, segundo três pessoas com conhecimento das discussões.

Buscar relações exclusivas com investidores restringe o acesso de rivais a capital e parcerias estratégicas. A medida do criador do ChatGPT corre o risco de inflamar tensões já existentes com concorrentes, especialmente Musk, que está processando a OpenAI.

Empresas de capital de risco têm acesso a informações sensíveis sobre as empresas em que investem, e a relação próxima com uma empresa pode tornar difícil ou contencioso também apoiar um rival.

Mas a exclusividade raramente é exigida, segundo investidores de risco, e muitas empresas líderes têm espalhado suas apostas em certos setores. A Sequoia Capital e a Andreessen Horowitz, por exemplo, apoiaram várias startups de IA, incluindo tanto a OpenAI quanto a xAI de Musk.

A OpenAI pode exigir termos incomuns e uma avaliação desproporcional porque os investidores acreditam que a empresa pode dominar a próxima onda de inovação em IA, que, segundo eles, será uma mudança tão significativa no comportamento do consumidor quanto a internet ou o celular.

Para uma pessoa a par das negociações, a rodada estava tão superlotada, que a OpenAI disse que daria a alocação, mas que gostaria de envolvimentos significativos no negócio e nenhum comprometimento com concorrentes.

Um parceiro de uma importante empresa de capital de risco observou que o aplicativo de transporte Uber tinha uma política semelhante “quando estava em modo de dominação mundial total”, acrescentando que quando uma empresa tem todas as cartas na mão, pode forçar as pessoas a fazer coisas de forma não natural.

A empresa de capital de risco Thrive estava liderando a rodada e havia comprometido US$ 750 milhões (R$ 4 bi) de seus próprios fundos, além de aproximadamente US$ 550 milhões (R$ 2,9 bi) de seus parceiros, segundo uma pessoa com conhecimento dos termos.

A empresa também havia mantido uma opção de investir mais US$ 1 bilhão (R$ 5,4 bi) antes do final de 2025 a uma avaliação de US$ 150 bilhões (R$ 816,4 bi), segundo três pessoas próximas do assunto.

A fabricante de chips Nvidia e a Microsoft, que já investiu US$ 13 bilhões (R$ 70,7 bi) na OpenAI, também participaram da rodada. A Apple, que estava em negociações com a empresa para investir, não participou.

Outras empresas, como Khosla Ventures, SoftBank, Tiger Global, Altimeter Capital e o Sistema de Aposentadoria dos Funcionários Públicos da Califórnia, investiram diretamente ou por meio de veículos de propósito especial, segundo várias pessoas com conhecimento do acordo.

A Khosla poderia investir um total de US$ 500 milhões (R$ 2,7 bi) ou mais, segundo duas das pessoas.

SPVs —entidades através das quais fundos de risco podem levantar capital para um propósito específico— também foram usados como parte de grandes rodadas de financiamento para startups de IA como a Anthropic e a xAI nos últimos meses, segundo fontes.

“O novo financiamento nos permitirá reforçar nossa liderança em pesquisa de IA de fronteira, aumentar a capacidade de computação e continuar construindo ferramentas que ajudam as pessoas a resolver problemas difíceis”, disse a OpenAI.

O acordo quase dobra a avaliação da OpenAI em relação aos US$ 87 bilhões (R$ 473 bi) de menos de um ano atrás, e é cinco vezes o nível em que os investidores a avaliaram em abril do ano passado.

Durante a rodada, os investidores tiveram que levar em conta as recentes turbulências da empresa, incluindo um golpe na diretoria há um ano, no qual o fundador Altman foi brevemente destituído. Na semana passada, a diretora de tecnologia Mira Murati anunciou que deixaria a empresa em um movimento surpresa —o mais recente de uma série de saídas de executivos seniores este ano.

A OpenAI também está trabalhando em uma reestruturação corporativa que afastaria a startup de suas origens como uma organização sem fins lucrativos e permitiria que os investidores capturassem mais dos benefícios caso a empresa se torne lucrativa.

Musk, que cofundou e ajudou a financiar a OpenAI em 2015, mas saiu três anos depois, entrou com uma ação judicial em agosto que alega que a startup abandonou sua missão original sem fins lucrativos de beneficiar a humanidade quando concordou com uma parceria comercial com a Microsoft.

Musk acusou Altman de “engano de proporções shakesperianas” e a ação busca anular o acordo com a Microsoft, que também está sendo investigado por reguladores antitruste dos Estados Unidos e da Europa.

Embora a OpenAI seja a maior empresa apoiada por capital de risco do Vale do Silício, é superada em avaliação pela ByteDance da China e pela SpaceX, de Musk.

Folha de São Paulo

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